Morto em supermercado, João Alberto é enterrado em Porto Alegre
Ele foi morto após ser espancado por seguranças em uma loja do Carrefour
João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi enterrado no final da manhã deste sábado, 21, no Cemitério Municipal de São João, em Porto Alegre. Ele foi morto após ser espancado por seguranças em uma unidade do Carrefour, na capital gaúcha. O episódio desencadeou uma série de protestos pelo país, pedidos de boicote à rede varejista onde ocorreu o crime e uma manifestação do presidente global do grupo Carrefour, Alexandre Bompard. “As imagens postadas nas redes sociais são insuportáveis. Eu pedi para as equipes do Grupo Carrefour Brasil total colaboração com a Justiça e autoridades para que esse os fatos deste ato horrível sejam trazidos à luz”, disse Bompard em uma rede social. Artistas passaram a madrugada pintando, na Avenida Paulista, em São Paulo, a inscrição “vidas pretas importam”.
No estacionamento de uma loja do Carrefour, ao longo de mais de 5 minutos João Alberto, negro, recebeu vários chutes e socos e gritou por socorro. Uma fiscal da loja tentou impedir a filmagem dos ataques. Os dois seguranças que agrediram João Alberto eram funcionários da empresa Vector, contratada pelo Carrefour, estão presos e vão responder pelo crime de homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, com asfixia e recurso que impediu a defesa da vítima.
Sem citar o caso da agressão e morte de João Alberto Silveira de Freitas ou o Dia da Consciência Negra, celebrado na sexta-feira 20, o presidente Jair Bolsonaro disse, em redes sociais, que o Brasil tem problemas “muito mais complexos e que vão além de questões raciais“. O vice Hamilton Mourão, por sua vez, declarou que não existe racismo no Brasil. “Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil. Isso não existe aqui”, afirmou.
O velório de João Alberto começou por volta das 8 horas da manhã deste sábado e foi acompanhado por familiares. “Só quero justiça e que paguem pelo que fizeram com ele”, disse a viúva Milena Borges. O pai João Batista Rodrigues Freitas defendeu a importância de movimentos antirracistas. João Alberto deixa a esposa, com quem pretendia se casar oficialmente em dezembro, e quatro filhos.