Após a morte de Abrahão Silva, de 15 anos, na Vila Cruzeiro, a Justiça Militar e a Polícia Civil entraram no circuito para esclarecer as circunstâncias da morte do adolescente, ocorrida na última segunda-feira. Nesta sexta-feira, Hevelize Pereira, procuradora do Ministério Público Militar, esteve no Complexo do Alemão em reunião com o comandante da Força de Pacificação, general Otávio do Rêgo Barros para buscar informações sobre a morte do rapaz. O encontro aconteceu por volta das 11h e terminou ao meio-dia. Depois disso, Hevelize foi até o local onde houve o crime, na localidade conhecida como mirante da Chatuba.
A Força de Pacificação abriu procedimento administrativo para apurar a primeira morte ocorrida em confronto com militares do Exército desde a ocupação dos complexos do Alemão e da Penha pelas forças de segurança, em novembro de 2010. Na versão dos militares que patrulhavam a área na segunda-feira, Abrahão estava com outros dois homens em uma atitude suspeita quando o grupo foi abordado. No momento em que se aproximaram do que parecia ser uma boca de fumo, os homens do Exército foram recebidos a tiros, segundo a Força de Pacificação.
A troca de tiros aconteceu às 22h de segunda. Na versão do Exército, o sargento que comandava a patrulha ordenou aos três que parassem de disparar. Depois, o oficial deu dois tiros para cima, seguido de disparos de bala de borracha. Sem que os tiros cessassem, o sargento apertou o gatilho do fuzil. O adolescente morreu e os outros dois fugiram. Já na versão de moradores e parentes, Abrahão não tinha qualquer envolvimento com o tráfico. Com o corpo do jovem, não havia documentos e nem arma.
O Ministério Público Militar não descarta a possibilidade de pedir a exumação do corpo para analisar se o tiro foi de fuzil ou de pistola. Ou seja, se partiu dos militares ou de bandidos da Vila Cruzeiro. Os soldados que patrulhavam o local foram afastados de suas atividades até que as investigações terminem. A Polícia Civil também apura caso e já marcou a reconstituição do crime. Testemunhas e os militares envolvidos foram chamados a participar da simulação que ocorrerá na próxima quarta-feira para esclarecer detalhes do crime.
LEIA TAMBÉM:
A delicada construção da paz no Alemão
O desafio de falar a língua do Alemão
No Alemão, Exército recorre a paraquedistas para conter resistência do tráfico
No Alemão, ‘tráfico formiguinha’ desafia a tropa de pacificação e ainda amedronta moradores