Máfia do ISS: chefe da quadrilha deu carro para irmão de ex-secretário, diz MPE
Mercedes avaliada em R$ 150 mil foi apreendida. Segundo promotor, carro é mais uma prova da ligação de ex-secretário de Kassab com o bando
Por Da Redação
9 abr 2014, 09h58
Apontado como líder da quadrilha do Imposto sobre Serviços (ISS), o ex-subsecretário de Arrecadação da Prefeitura de São Paulo Ronilson Bezerra Rodrigues comprou um carro Mercedes-Benz S500 para o empresário Marco Aurélio Garcia, irmão de Rodrigo Garcia, pré-candidato a deputado federal pelo DEM. Rodrigo deixou na segunda-feira o cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico de Geraldo Alckmin (PSDB). Foi aliado político de Gilberto Kassab (PSD), ex-prefeito da capital.
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Segundo documentos obtidos pelo Ministério Público Estadual (MPE), o veículo, avaliado em 150.000 reais, foi apreendido na terça-feira depois de ser entregue pelos defensores do empresário. A máfia é acusada de ter causado prejuízos de até 500 milhões de reais aos cofres municipais.
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Marcio Sayeg, advogado de Ronilson, nega a transação. “Meu cliente desconhece isso”, afirmou. “Essa denúncia só está sendo feita agora porque estamos em ano eleitoral”, afirmou o defensor.
Os promotores chegaram ao Mercedes quando descobriram dois depósitos bancários feitos por Ronilson a uma empresa chamada Golden, no valor total de 155.000 reais, realizado em 2012. A suspeita era que a transferência pudesse ser uma tentativa de lavar dinheiro obtido com propina. Os comprovantes faziam parte do material apreendido em outubro do ano passado, quando a quadrilha foi descoberta e presa temporariamente.
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Em depoimento, no entanto, os responsáveis pela empresa negaram qualquer irregularidade. Informaram que o depósito referia-se à venda de um veículo e apresentaram o documento de transferência do Mercedes.
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O documento tinha como comprador do carro uma empresa chamada LZG Consulting. A empresa tem Marco Aurélio como sócio. Além disso, os promotores observaram que o endereço de registro da LZG na Junta Comercial é justamente o imóvel apelidado de “ninho” – uma sala no Largo da Misericórdia, região central, que era usada, segundo o MPE, como escritório pelos integrantes da máfia para contabilizar os ganhos e movimentações bancárias obtidas com o esquema fraudulento. O imóvel chegou a ser grampeado com escutas ambientais antes de o caso vir à tona.
Lavagem de dinheiro – A transferência do veículo é vista pelo promotor Roberto Bodini como mais uma prova da ligação de Marco Aurélio com o bando. O contrato de aluguel do “ninho” foi feito em nome do empresário. Há também uma investigação sobre a venda de quatro imóveis em um flat na região central feita por Marco Aurélio para três dos seis principais servidores investigados por participação na máfia. O promotor espera que os indícios possam resultar em uma acusação de lavagem de dinheiro contra Marco Aurélio. Segundo as investigações, os servidores cobravam propina de empresas no momento da quitação do ISS para a emissão do Habite-se, documento que permite construções. Eles calculavam o imposto devido e cobravam metade do valor como propina. Do montante, eles recolhiam cerca de 10% para os cofres municipais, adulterando o valor do imposto, e embolsavam o restante.
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Integravam a quadrilha os fiscais Eduardo Horle Barcellos, Carlos Augusto Di Lallo Leite do Amaral e Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, como subordinados a Ronilson, além de Amilcar Cançado Lemos e Fábio Remesso, operando paralelamente no esquema.
Depois de inicialmente negar a existência do carro, segundo o MPE, a defesa de Marco Aurélio entregou o veículo na Delegacia de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC). O órgão atua com o MPE na investigação de 410 empreendimentos suspeitos de pagar propina à máfia para sonegar impostos.
Rogério Cury, advogado de Marco Aurélio Garcia, não foi localizado pela reportagem.
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