La Peña: “A lei reduz a chance de fazer circular o debate”
Humorista critica normas que restringem piadas com políticos
Qual o prejuízo para os programas que não podem mais tratar o tema das eleições com humor?
O grande prejuízo é não poder falar de forma divertida sobre um tema que está na boca do povo. É muito complicado você ter um assunto muito ampliado, em que os candidatos estão aí falando várias coisas, as pessoas pensando sobre o assunto e a gente não pode fazer a piada. Fica parecendo uma reserva de mercado: só os políticos podem fazer piadinhas, a gente não.
E para os eleitores. Não vai faltar um pouco de graça na hora de falar sobre política?
Com certeza. Você diminui a chance das pessoas falarem sobre assunto. Quando é tratado pelos programas de humor, é muito mais fácil ele voltar à tona nas conversas de bar ou no cafezinho da empresa. É muito mais fácil alguém comentar sobre uma piada e começar uma conversa sobre política do que alguém falar sobre o programa eleitoral. A lei reduz a chance de fazer circular o debate.
O TSE diz que a lei existe desde 1997, com esse mesmo artigo. Por que só agora o assunto virou polêmica?
Acho que durante muito tempo o programa de humor que cobria eleições era o Casseta. Ali era o único ponto em que rolava esse assunto. Agora, você tem vários outros que querem abordar política, como o CQC, o Pânico, o Legendários, além do Casseta. Todos eles estão sendo atingidos pela legislação e é por isso que a polêmica tomou força.
O Casseta tirou o “Big Brother Brasília” do ar. Por que não enfrentar a lei?
A lei prevê multa para quem descumpri-la e a gente não está a fim de pagar. Não faz sentido pagar. Então ficou assim, 90 dias antes das eleições, a gente não pode fazer piada com os candidatos.