O juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal da Capital do Rio, determinou a renovação da prisão temporária, por mais cinco dias, de cinco black blocs – entre eles Elisa Quadros, conhecida como Sininho – acusados de planejar e participar de atos violentos em manifestações de rua. Eles foram presos no sábado, na véspera da partida final da Copa do Mundo, pela Operação Firewall 2 da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI).
A delegada Renata Araújo, responsável pelo inquérito, defendeu que, em liberdade, os manifestantes poderiam prejudicar as investigações – nove black blocs ainda são considerados foragidos. “Algumas pessoas precisam ficar presas porque é imprescindível para a investigação. Outros não foram sequer localizados”, afirmou a delegada.
Na terça-feira, uma decisão liminar do desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, libertou outros doze ativistas que também foram presos no sábado na operação. O desembargador afirmou ao site de VEJA nesta quarta-feira que não examinou “o mérito” das acusações feitas pela polícia contra as 28 pessoas investigadas por crimes ocorridos em manifestações de rua e pelo planejamento de novos atos violentos durante a final da Copa no Rio de Janeiro. “Em habeas corpus, não tenho que analisar prova. Essa decisão vai ser submetida ao colegiado da Câmara Criminal e aí sim darei o voto. Um relator pode deferir liminar e pedir informações depois”, afirmou. Na decisão, ele determinou o envio dessas informações em até 72 horas posteriores à libertação.
Operação – Para a realização da operação no sábado, a polícia obteve 26 mandados de prisão temporária e duas ordens de busca e apreensão contra adolescentes. De acordo com a versão policial, os 28 investigados são responsáveis por crimes em manifestações e planejavam novos atos violentos em protesto na final da Copa.
“As pessoas foram presas por atos passados e não somente pelo que iriam fazer. A possibilidade de ocorrer um novo crime era evidente e reforçou as provas da investigação”, afirmou a delegada.
Os detalhes da investigação são mantidos em sigilo. A polícia só divulgou que um casal de ativistas, a professora Camila Jourdan e o ativista Igor Pereira D’Icarahy, foram presos com uma bomba caseira com potencial letal. Como mostrou o site de VEJA, o artefato continha 140 gramas de pólvora e era capaz de provocar mortes ou ferimentos graves.
Uma adolescente também foi detida na operação com um revólver. Embora não tenha autorização atualizada para o porte de arma, segundo a polícia, o pai dela se apresentou como dono do revólver e vai responder a processo em juizado especial criminal. Além da bomba caseira e da arma, foram apreendidos galões de gasolina, garrafas, martelos e arma de choque nas residências dos 28 investigados.
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