Curitiba enfrenta nesta sexta-feira o segundo dia de greve dos cobradores de ônibus da cidade. E, ao contrário do que ocorreu na quinta-feira, os ônibus não circulam na capital paranaense. Ontem a prefeitura determinou a circulação dos ônibus com catraca livre – um movimento inédito que provocou prejuízos estimados pela prefeitura em cerca de 3 milhões de reais aos cofres públicos, valor equivalente ao da construção de uma creche. O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) justifica que os ônibus devem transitar com motoristas e cobradores – exceto os servidores com função dupla – para operar dentro dos critérios da lei. De acordo com a prefeitura da cidade, o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná decidiu nesta sexta que toda a frota de ônibus do transporte coletivo de Curitiba e região deve voltar a circular imediatamente, com retorno ao trabalho de pelo menos 50% dos cobradores.
O Setransp acusa o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc) de impedir alguns profissionais de trabalharem. Para que haja um acordo entre as partes, os dois sindicatos se reunirão com a prefeitura no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na tarde desta sexta-feira. Segundo determinação da vice-presidente do TRT, a desembargadora Ana Carolina Zaina, a greve realizada nesta quinta foi legal e não abusiva. Já nesta sexta, Ana Carolina estipulou multa diária de 30.000 reais em caso de descumprimento da sentença, aplicável tanto ao Setransp quanto ao Sindimoc.
“A prefeitura espera bom senso entre as partes trabalhista e patronal para que a população não seja prejudicada. Não há pauta econômica nas reivindicações dos trabalhadores. Os avanços conquistados em fevereiro foram maiores do que o esperado e acima da inflação”, disse o prefeito Gustavo Fruet. Para tentar minimizar os transtornos da falta de transporte público, a Urbs – autarquia responsável pelo transporte coletivo da capital e Região Metropolitana – iniciou o cadastramento de veículos particulares, entre vans e táxis, às 6 da manhã para suprir a demanda da população sem transporte público. Segundo o presidente da Urbs, Roberto Gregório, esses veículos poderão cobrar uma tarifa máxima de até seis reais por passageiro – a tarifa cobrada normalmente tem preço fixo de 2,70 reais.
“Hoje nós optamos por adotar o fretamento particular que já está em operação e determinou que a frota pública do município fosse colocada à disposição. Não estamos a favor nem de um sindicato ou de outro, mas do interesse público”, avaliou. Até as 10 horas desta sexta, pelo menos 93 veículos já haviam sido cadastrados.
Passando a bola para o outro – No entanto, os dois sindicatos tentam se livrar de responsabilidade com relação à paralização total da frota. Segundo o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, estava programado para que os ônibus circulassem exatamente como no dia anterior. “Na verdade a greve é dos cobradores e os empresários não permitiram que os ônibus saíssem hoje, ou seja, um desrespeito à toda a população”. Já para o presidente do Setransp, Maurício Gulin, a culpa recai sobre o Sindimoc, acusando-o de promover piquetes. “Temos documentos e imagens que provam isso, alguns colaboradores do sindicato tentando impedir a saída dos ônibus. Nós queremos cumprir a lei”, completou.
(Com Estadão Conteúdo)