Igreja pede socorro e prefeitura assume a saúde da JMJ
Sem dinheiro para arcar com postos de atendimento, médicos e ambulâncias, organização da JMJ repassa para o município gasto de 7,8 milhões de reais
Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
5 jul 2013, 05h25
Os organizadores da Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2013) pediram socorro à prefeitura do Rio e repassaram para o município todo o atendimento de saúde do evento, que acontece entre os dias 22 e 28 de julho. Oficialmente, o município diz que assumiu a parte médica por ter mais experiência em eventos complexos e de grande porte. No entanto, fontes ligadas à organização da JMJ afirmaram ao site de VEJA que a Igreja e a DreamFactory, contratada para organizar o encontro, não conseguiram encaixar os custos de saúde no orçamento estabelecido para a visita do papa Francisco.
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No último dia 20 – ou seja, 32 dias antes do início da JMJ – representantes da DreamFactory informaram à prefeitura a incapacidade de organização e execução dos serviços de saúde durante a jornada. A mudança foi discutida nesta quinta-feira durante uma reunião no Ministério Público Estadual.
Com o impedimento apresentado pelos organizadores, a prefeitura do Rio ficou com um problema de difícil solução: como o evento é realizado na cidade, qualquer problema no atendimento de saúde recairia sobre o município, que é quem tem a rede pública de atendimento e as unidades de emergência. A assistência aos peregrinos, as ambulâncias, os profissionais e os postos deveriam correr por conta do evento, que é privado e pretende reunir 2 milhões de pessoas, com concentrações principalmente na Praia de Copacabana, na Zona Sul, e em Guaratiba, Zona Oeste. A prefeitura doou ao evento 26 milhões de reais, mesmo valor entregue pelo governo do estado. Já a União tem previsão de gasto de 111,5 milhões de reais com a JMJ.
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A partir do sinal verde do município, a ajuda emergencial de agora foi oficializada: em 1º de julho, o Diário Oficial do município publicou um edital de licitação no valor de 7,8 milhões de reais para a “implantação de unidades de atendimento pré-hospitalar fixas e móveis” nos atos centrais da jornada – a via-sacra, em Copacabana, e a missa de encerramento no Campus Fidei, em Guaratiba – e no Ângelus, na Glória. A abertura dos envelopes do pregão presencial acontece no próximo dia 12 – apenas dez dias antes da chegada do papa Francisco no Rio.
Procurados, a Igreja e a Dream Factory não responderam as perguntas do site de VEJA.
Como o site de VEJA mostrou, o Ministério Público do Estado do Rio instaurou em maio um inquérito civil público para apurar problemas na organização do atendimento médico aos fiéis – uma das falhas apontadas pelos promotores foi a contratação de uma empresa sem a documentação exigida pela Vigilância Sanitária Municipal. O MP também exigia a disponibilização de um helicóptero no Campus Fidei, em Guaratiba, para emergências.
O pedido de socorro é mais um indício dos problemas orçamentários da jornada. Os custos do evento são no momento um assunto espinhoso, sobre os quais as autoridades envolvidas e os organizadores se calam. De acordo com o jornal O Globo, houve um novo pedido de dinheiro aos governos federal, estadual e municipal, de 30 milhões de reais cada. Os pedidos foram negados.
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