“Procuramos homens e mulheres inteligentes e insatisfeitos, que leiam muito, sempre perguntem ‘por quê?’ e queiram colaborar na construção do Brasil de amanhã”, dizia o anúncio escrito por Roberto Civita e publicado meses antes do lançamento de VEJA, em setembro de 1968, em Realidade, Claudia e Quatro Rodas, revistas de grande circulação da Editora Abril. Foi assim que Roberto Civita, que morreu em maio passado, recrutou a primeira leva de jornalistas de VEJA.
Desde o número 1 até a edição comemorativa de 45 anos, os profissionais de sucesso de VEJA são homens e mulheres inteligentes e insatisfeitos, ávidos por leitura, que buscam entender o porquê das coisas, dispostos a cerrar fileiras a favor dos seus leitores e, como consequência, do Brasil.
Na fala com que se despediu do pai, Giancarlo Civita reverberou o espírito construtivo, de curiosidade permanente e de justiça que motivou o anúncio de 1968. Disse Giancarlo: “Durante toda a sua vida Roberto Civita mostrou em atos e palavras que uma nação de verdade, viável e justa, não nasce ao acaso. Ela precisa ser construída. Ele tinha certeza de que as ferramentas para isso são a educação e a liberdade de expressão”.
A edição especial, na versão impressa, nos tablets e aqui no site de VEJA, é uma cápsula do tempo, quase meio século, com o registro essencial do espírito da revista. Em cada detalhe estão a coragem de contrariar unanimidades burras, o destemor e a transparência na exposição de seu ponto de vista e a obsessão pela qualidade editorial, pela notícia inédita e pela reflexão original.
Nada como o teste do tempo para perceber o real valor de uma revista. Só assim podem ficar patentes a constância, a firmeza de princípios e sua aplicação sob as mais adversas circunstâncias. Ao chegar a seus 45 anos de vida, VEJA pode se orgulhar de ter passado com louvor nesse teste.
O relato de fatos que os governos prefeririam ver ocultos nos pôs em confronto com o poder em diversos momentos de nossa história. Em 1969, mesmo sob a censura dos militares, VEJA estampou na capa uma reportagem sobre as torturas praticadas por extremistas impunes do regime. Em 1977, Cuba era uma ilha de mistério envolta em enigmas, e seu líder, Fidel Castro, personagem hostil ao governo brasileiro. Fidel foi capa de VEJA naquele ano. Em 1997, foi capa da revista o tropeço ético de um governo, de outra forma virtuoso, que deixou prosperar um esquema de compra de votos no Congresso visando à reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. Obedeceu à mesma tábua de princípios a decisão de VEJA de publicar reportagens sobre corrupção no governo do PT.
O especial 45 anos revisita 45 momentos cruciais, mostra como eles foram tratados pela revista e, com a ajuda de articulistas, sobrepesa suas consequências atuais. Foram escolhas árduas a princípio, mas tudo se clareou assim que nos fixamos no critério de que só daríamos destaque a fatos que mudaram a trajetória política, econômica, social, científica, cultural ou tecnológica do Brasil e do mundo.
A versão para tablets, que pode ser baixada de graça, tem conteúdos exclusivos, como minidocumentários que contam os primeiros tempos da revista, os anos de censura e os bastidores de grandes reportagens. As matérias que serviram de base para a edição foram digitalizadas e podem ser lidas na íntegra. Além disso, os textos são complementados por recursos interativos como áudios, vídeos e reproduções de documentos que aumentam a experiência de imersão histórica.
Boa leitura!
Baixe gratuitamente no tablet ou no IBA
Índice
Carta ao leitor
IMPRENSA
O criador de VEJA
Roberto Civita e a aventura de fazer a maior revista do país
BRASIL
O marechal e seu labirinto
A decretação do AI-5, em 1968, o golpe de Costa e Silva
SERGIO FAUSTO
Um tormento que não acaba
Rubens Paiva torturado, a dor na mente de seu filho
MARCELO RUBENS PAIVA
O germe do messianismo
A trajetória política de Luiz Inácio Lula da Silva
FRANCISCO WEFFORT
A difícil cicatrização
Apesar do trauma do Riocentro, a redemocratização seguiu o seu curso
Um brado retumbante
Campanha das diretas, Fora Collor e revoltas de junho
“Eu vi meu avô sair da vida e entrar para a história”
Os últimos meses de Tancredo Neves, da vitória à agonia
AÉCIO NEVES
Uma sucessão de segredos
Os bastidores da derradeira eleição no Colégio Eleitoral
Ratoeira no Congresso
O impacto da denúncia do caso dos anões do Orçamento da União
Um medo renitente
As taxas de homicídio caem, no entanto ainda se mata muito nas cidades brasileiras
A farra das sálvias vermelhas
A vocação autoritária do Partido dos Trabalhadores
ROBERTO ROMANO
Nas asas do STF
O julgamento do mensalão levou o povo às ruas
MIGUEL REALE JÚNIOR
Escândalo no campo da ética
Os desdobramentos da ação contra o juiz de futebol que manipulava resultados
Todos os homens são iguais
As cotas e o risco racista de classifi car pessoas pela cor da pele
A chama acesa da impunidade
A tragédia de Santa Maria: até agora, nenhum castigo para o crime
INTERNACIONAL
Em busca da normalidade
Árabes e judeus em Israel: como viver lado a lado
Silêncio, atraso e tirania
Nada mudou tão depressa como a China das últimas décadas
O milagre do homem da mancha
O mundo virou outro depois de Mikhail Gorbachev
Berlim, cidade aberta
Sem o Muro, a memória do comunismo é atração turística
As tempestades no deserto
O Oriente Médio se agita em novas fases de convulsões
O corredor autoritário
A Venezuela e os males do populismo bolivariano
ÁLVARO VARGAS LLOSA
ECONOMIA
O retrato do fracasso
A atualidade dos alertas de Mario Henrique Simonsen
EDUARDO GIANNETTI
O cochilo do dragão
As batalhas da guerra sem trégua contra a infl ação, a ameaça impertinente
GERAL
42 milhões de pessoas
Diante desse número de evangélicos, a Igreja do papa Francisco reage
Modelo reprovado
O Brasil do século XXI continua preso a uma ideia ultrapassada de escola
Quando os índios deixaram de ser selvagens
O fotógrafo Pedro Martinelli reencontra, em Mato Grosso, os gigantes panarás
A família vai bem, obrigado
Quase quarenta anos após a aprovação do divórcio, a instituição continua forte
Malu Mulher de verdade
O surgimento de uma nova protagonista na sociedade: a descasada
MARY DEL PRIORE
O sol da anistia
As muitas e variadas militâncias de um ex-guerrilheiro
FERNANDO GABEIRA
Enfim, o sexo forte
O erotismo feminino, livre de qualquer sentimento de culpa
BRUNA LOMBARDI
O fim cada vez mais rápido
O ciclo de vida de um aparelho eletrônico caiu de décadas para alguns poucos anos
O Mac da periferia era assim
O protecionismo fazia brotar cópias caras e antiquadas
ETHEVALDO SIQUEIRA
A teia se expande
Ela está em toda parte. A internet já invadiu smartphones, tablets, óculos
Quem chora a pátria de chuteiras?
O país aprendeu a separar o jogo bonito da feiura institucional
Um drama que não vai se repetir
O tratamento da aids avança. O preconceito, embora menor, permanece
“Achava que não passaria dos 30”
Entrevista com o ex-saltador soropositivo Greg Louganis, ouro na Olimpíada de Seul
As duas faces da tolerância
Pesquisa VEJA/Ipsos refaz levantamento de 1993 sobre gays no Brasil
Uma prova de risco
A evolução da segurança na F1 depois do acidente que matou Ayrton Senna
A clonagem no espelho
Os impasses de uma extraordinária conquista científica
FERNANDO REINACH
Orgulho azul
Lançado em 1998, o Viagra consolidou uma revolução sexual masculina
A ciência tem a verdade
Mesmo com alguns dados superestimados, o aquecimento global é inquestionável
CULTURA
Da censura ao politicamente correto
O coautor de Roque Santeiro escreve sobre o êxito da novela
AGUINALDO SILVA
E agora, José?
Por que não adianta ficar procurando outros Drummonds
Adeus ao feminismo velha-guarda
Madonna não é mais a mesma, contudo mantém sua influência
CAMILLE PAGLIA
O crepúsculo dos deuses
Atores-mitos de Hollywood perderam espaço para os super-heróis
ANTOLOGIA
A primeira vez em VEJA
Personagens, reais ou fictícios, fatos e produtos em sua estreia na revista