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‘Foi infelicidade das vítimas’, diz secretário sobre médicos

Em entrevista exclusiva a VEJA, José Renato Torres, titular da Polícia Civil, afasta completamente a possibilidade de crime político

Por Lucas Mathias 6 out 2023, 21h19

A investigação sobre a morte de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Sul da capital fluminense, está próxima de ser concluída. É o que garante o Secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, José Renato Torres. Segundo ele, as provas recolhidas até o momento confirmam a principal linha de investigação adotada pela corporação horas após o crime: a de que Diego Ralf de Souza Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida foram mortos por engano e que o verdadeiro alvo era o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, que atua na área do Rio das Pedras e Muzema, em Jacarepaguá. Tal suspeita indica que Philip Motta Pereira, o Lesk, ligado ao Comando Vermelho, rival da milícia, foi quem ordenou o assassinato. O crime estaria no centro de uma guerra entre os dois grupos e seria motivado por vingança. Em entrevista exclusiva a VEJA, Torres deu mais detalhes sobre o inquérito policial.

Pelo que se sabe até o momento, a investigação já está encerrada? Estamos prestes a encerrar. O crime de homicídio precisa de uma investigação amadurecida, mas, nesse caso em específico, a polícia tem atuado com base no levantamento de dados. Em 12 horas, já tínhamos uma linha que apontava para a autoria e identificação de suspeitos. O inquérito está aberto, são apenas 48 horas dos fatos ocorridos. E cada vez que juntamos mais uma peça técnica, ou uma prova testemunhal, corrobora a linha de investigação de que os médicos foram mortos por engano. 

O que teria motivado o ataque a Taillon? Ele teria, no mês passado, matado um indivíduo cujo apelido é “Vin Diesel”, ligado à milícia da Gardênia Azul. Ele era amigo de outro miliciano com apelido “Lesk” (Philip Motta Pereira), que deixou a quadrilha da Gardênia Azul e se associou a uma facção criminosa do narcotráfico. Ele foi o mandante dessa empreitada criminosa. Naquele dia, por uma infelicidade absoluta das vítimas, que morreram sem saber o porquê, eles estavam atrás do Taillon. Isso é o que indicam as provas até agora.

O que levou aos confrontos entre as duas quadrilhas? Há uma tentativa de expansionismo dessa facção criminosa ligada ao narcotráfico para além dos seus limites, o que está criando esses conflitos em algumas comunidades do Rio de Janeiro. A polícia está atenta e investigando essa movimentação.

Quantas pessoas estão envolvidas no crime? Quatro indivíduos cometeram o crime contra os médicos. Um deles estava dirigindo, outros três desembarcaram. O quinto é o “Lesk”, que foi o mandante. O grupo era denominado “Sombra”. 

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Na noite de quinta-feira, 5, a polícia encontrou quatro corpos na Zona Oeste, entre eles o de Lesk. É possível dizer que esses corpos são de fato das pessoas envolvidas? Os quatro corpos acabaram de ser identificados, em uma longa perícia no Instituto Médico Legal (IML). Trata-se de fato dos suspeitos. Foram barbaramente assassinados pelos seus comparsas. Um ainda está foragido e atende pelo apelido de “BMW” (Juan Breno Malta Ramos Rodrigues). 

Foram mortos por um tribunal paralelo? A facção criminosa da qual faziam parte, sabendo que a Polícia Civil estava bastante adiantada nas investigações, matou esses criminosos. A polícia iria entrar no território dessa facção, onde se escondem, e incomodar até que os autores da morte dos médicos fossem presos. Eles, então, se anteciparam e se reuniram em um grupo para tomar essa decisão. E esses corpos apareceram, com o mandante e três autores.

O que vai ser feito sobre essas quatro mortes? Os marginais que mataram os próprios comparsas vão receber o mesmo tipo de investigação. Serão punidos no máximo rigor da lei. Não é porque são criminosos iguais a eles, que devem ter suas vidas ceifadas pelos próprios comparsas. Nós não temos pena de morte no Brasil. Isso é inadmissível. Ofende o Estado Democrático de Direito.

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