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Denunciante de Nuzman cita Zveiter e magistrados corrompidos

Em trecho inédito de depoimento, Eric Maleson acusa presidente do COB de obter decisões no Judiciário e lança luz sobre engrenagem financeira de ex-diretor

Por Thiago Prado
Atualizado em 8 set 2017, 17h06 - Publicado em 8 set 2017, 11h48
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  • O ex-presidente da Federação Brasileira de Esportes de Gelo, Eric Walther Maleson, implicou mais pessoas em seu depoimento a procuradores franceses envolvidos na investigação de compra de votos para o Rio de Janeiro sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Além de acusar o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, seu relato também aponta a mira para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e o desembargador Luiz Zveiter. Maleson também deu detalhes sobre uma suposta engrenagem financeira montada por um ex-diretor do COB para enviar dinheiro ao exterior.

    Ouvido em Boston em 28 de junho de 2016, Maleson acusou Nuzman de ter recebido um passaporte russo em troca do voto para que a Olimpíada de Inverno de 2014 fosse realizada em Sochi, na Rússia. O documento foi apreendido esta semana. Em outras partes do depoimento que VEJA teve acesso, o ex-dirigente afirmou que Nuzman podia contar com “magistrados corrompidos” no Tribunal de Justiça do Rio. Maleson afirma que a decisão judicial que o afastou do comando da Federação Brasileira de Esportes de Gelo teve o dedo de Zveiter, que era amigo pessoal do juiz do seu processo. Ele havia sido suspenso da entidade em 2012 acusado de fraudes e má administração. Segundo Maleson, Nuzman teria interesse no seu afastamento porque ele tornara-se um crítico à sua administração.

    O ex-dirigente também lança suspeitas sobre movimentações financeiras realizadas pelo ex-diretor do Comitê Olímpico Brasileiro Edson Figueiredo de Menezes. Segundo o depoimento, Menezes, tendo sido executivo do banco Prosper, usou a instituição para fazer transferências para o exterior. “Esse banco tinha cometido vários desfalques e alterado suas contas”, disse Maleson aos franceses. No relato, ele afirma que o atleta Edson Bindilatti, seu denunciante na Justiça em 2012, havia sido convencido por Menezes a acusa-lo. Diz ainda que Bindilatti “recebeu fundos para apresentar a ação”.

    Em seu depoimento, o ex-presidente da Federação Brasileira de Esportes de Gelo ainda fala de maneira não muito clara sobre a atuação de dois escritórios de advocacia para Nuzman e o COB. “Segundo Eric Walther Maleson, o Comitê Olímpico Brasileiro também tinha desviado somas importantes a favor do HB Cavalcanti e Mazzilo Advogados, conhecido no Brasil como o especialista das montagens financeiras em paraísos fiscais como as Ilhas Virgens Britânicas e as Ilhas Caymã, e o Sahione Advogados”.

    Os procuradores da Lava-Jato fluminense querem saber se Maleson tem provas sobre tudo o que diz. Ele será chamado a depor e ajudar nas investigações nas próximas semanas.

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    O desembargador Luiz Zveiter entrou em contato com VEJA para negar as acusações. Disse que vai interpelar judicialmente Maleson na segunda-feira para questioná-lo sobre as denúncias. Zveiter diz que nunca tinha ouvido falar de Maleson e nega ter ajudado Carlos Arthur Nuzman em qualquer demanda no Tribunal de Justiça.

    Em nota, a Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro também repudiou as acusações de Maleson tratadas como “genéricas e sem provas”.

    VEJA desta semana revelou que Maleson já havia feito denúncias contra o COB para a Polícia Federal no Rio de Janeiro e que uma operação chegou a ser articulada. A ação, que havia sido batizada de Cabo de Guerra, acabou abortada por ordens superiores.

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