Congresso vai acompanhar investigações sobre grupo que ameaça Bolsonaro
Parlamentares afirmam que fatos revelados por reportagem de VEJA são gravíssimos e que querem discutir segurança presidencial
Após VEJA revelar detalhes das ameaças de um grupo terrorista contra Jair Bolsonaro, seus familiares e dois ministros do governo, parlamentares afirmaram nesta sexta-feira, 19, que irão pedir esclarecimentos sobre o andamento das investigações desse caso — e querem discutir a segurança presidencial.
Vice-líder do governo e um dos principais aliados de Bolsonaro, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) defende a criação de uma comissão para tratar da segurança do presidente. “Tudo isso que foi relatado por VEJA me parece extremamente grave, pois, além de se tratar de uma organização internacional, há precedentes de atentados já realizados. É a segurança do chefe de Estado que está em risco, e é inadmissível que não tomemos medidas enérgicas”, afirmou Feliciano. “Vou propor a criação de uma subcomissão para tratar da segurança presidencial e, conforme o que for descoberto, podemos propor a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Depois do leite derramado não adianta vir dizer que foi falta de sorte”, diz o congressista, membro da Comissão de Relações Exteriores de Defesa Nacional.
O senador Marcos do Val (Cidadania-ES), membro da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), classificou como “gravíssimas” as ameaças contra o presidente. “O Brasil não está numa bolha, livre das influências terroristas que conhecemos em outros países”, afirma o parlamentar. “Vou sugerir que façamos o acompanhamento das investigações na CCAI”, diz o relator do projeto anticrime elaborado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que trabalhou por quase duas décadas na inteligência da Polícia Civil de Sergipe, afirma que as ameaças relatadas na reportagem de VEJA não podem ser negligenciadas. “O Congresso tem de discutir a segurança na internet. Temos a preocupação de criar mecanismos para punir de forma dura quem ultrapassa os limites da liberdade na rede e para ampliar as possibilidades de investigação e apuração pelos órgãos de controle. Nossa legislação é muito insuficiente nesse tema”, diz o parlamentar.
Líder do PSL, partido de Bolsonaro, o senador Major Olímpio (SP) reforça que os serviços de segurança e de inteligência federais contam com grandes aparatos de investigação e que, após a reportagem, devem intensificar as ações que envolvem a proteção presidencial. Para ele, as autoridades têm de se desdobrar para identificar os autores. “Podem ser só pessoas querendo causar o pânico, mas isso tem de ser apurado, identificado e punido de forma exemplar”, afirma.