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Começa o depoimento de Lindemberg Alves

Interrogatório do acusado pela morte de Eloá Pimentel é o mais esperado do julgamento; última testemunha falou ao júri na manhã desta quarta-feira

Por Cida Alves, de Santo André
15 fev 2012, 12h43

Acusado da morte de Eloá Pimentel, Lindemberg Alves começou a prestar depoimento no Fórum de Santo André, no ABC Paulista, por volta das 14 horas desta quarta-feira. Esta será a primeira vez que ele falará sobre o episódio desde 2008, quando ocorreu o crime.

A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, não quis adiantar detalhes sobre o teor do depoimento do réu e disse que ele não recebeu nenhuma orientação. “Não oriento testemunha nem cliente, ele vai falar a verdade”, disse. Segundo ela, Lindemberg está preparado para o interrogatório e apresentará sua versão sobre o sequestro seguido de assassinato da ex-namorada, na época com 15 anos. “O Lindemberg está calmo, tranquilo e focado, está preparado para falar”.

Ana Lúcia, que desde o inicio do julgamento já ameaçou diversas vezes pedir a anulação do julgamento, não descartou essa hipótese em caso de condenação de seu cliente, embora tenha sido evasiva. “Todos os recursos estão disponíveis tanto para a defesa quanto para a acusação”, declarou, em um primeiro momento, ao ser indagada pela imprensa diretamente sobre a possibilidade. “Depois nós vamos ver isso”, desconversou, em seguida, diante da insistência.

O tenente Paulo Sérgio Schiavo, do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar, foi a última testemunha arrolada pela defesa a ser ouvida. O julgamento pode terminar ainda nesta quarta ou prolongar-se pela madrugada de quinta até a sentença. A mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, que, segundo informação inicial da acusação, não compareceria, chegou ao Fórum no início da tarde. Ela e os dois irmãos de Eloá, Ronickson Pimentel e Éverton Douglas, vão assistir ao interrogatório de Lindemberg.

Entenda o julgamento

  1. • Lindemberg Fernandes é acusado de doze crimes, entre eles o assassinato da ex-namorada Eloá Pimentel, de apenas 15 anos. O julgamento deve durar três dias.
  2. • Etapas:

    – Os sete integrantes do júri popular são sorteados entre 25 moradores de Santo André – são seis homens e uma mulher

  3. – Em seguida, são ouvidas as testemunhas de acusação. Depois, as arroladas pela defesa. Todas podem ser questionadas tanto pela defesa quanto pela acusação.
  4. – Interrogatório do réu. É a última etapa antes da abertura dos debates, com duas horas de exposição para cada lado. Há ainda a possibilidade de réplica e tréplica.
  5. – Os jurados se reúnem na sala secreta para discutir o caso e votar a sentença.
  6. – A juíza Milena Dias, que preside o caso, lê a sentença. Se condenado por todos os crimes, Lindemberg pode pegar de cinquenta a 100 anos de prisão. Pelas leis brasileiras, no entanto, o tempo máximo que alguém pode ficar preso é até trinta anos.

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Leia também: Acusação: “Defesa mostra descontrole e nervosismo”

Emoção – Na terça-feira, segundo dia de julgamento, o comportamento da advogada chamou mais atenção que o próprio réu. Depois de sugerir à juíza Milena Dias que voltasse aos bancos escolares, Ana Lúcia se explicou. Disse que não quis ofendê-la, apenas entendeu que ela não tinha conhecimento suficiente a respeito do processo. “O desgaste emocional nesse tipo de julgamento é normal”, afirmou. “Estamos todos sendo muito pressionados”.

Nesta quarta, uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanha o julgamento. A promotora Daniela Hashimoto, que ameaçou processar a advogada na terça, fez um apelo à população – que hostiliza a advogada, segundo a versão dela, por influência da imprensa:”Sei da conotação emocional que envolve esse caso e que as pessoas são movidas pela emoção, mas a doutora Ana está fazendo o papel dela. Não confundam a pessoa da advogada com os fatos que aconteceram nem com o réu”.

A advogada disse que teve motivos para arrolar a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, como testemunha, mas negou que fosse uma estratégia para retirá-la do plenário. “Tenho motivos, mas não vou revelar”.

Vaias – Ana Lúcia foi a protagonista do segundo dia de julgamento. Depois de inesperadamente recuar na intenção de arrolar a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, como testemunha depois de ameaçar abandonar o júri na segunda-feira, ela foi ameaçada de processo por desacato pela promotora Daniela Hashimoto ao dizer que a juíza deveria voltar a estudar. No momento mais tenso do dia, sob intensas vaias do público, teve de deixar o Fórum de Santo André, no ABC Paulista, pelos fundos na hora do almoço.

No fim da noite de terça, visivelmente nervosa, Ana Lúcia disse ter ficado incomodada com as notícias de que teria discutido com a mãe de Eloá – o que teria sido o estopim para ser hostilizada nas ruas. Agora, a advogada afirma ter medo de sair às ruas – culpa da imprensa: “Eu nunca discuti. Eu conversei com a juíza porque desisti de ouvir Ana Cristina, não me dirigi à mãe de Eloá. Estou sendo hostilizada por coisas que eu não falei”.

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Em um comportamento no mínimo inusitado, a defensora voltou a ameaçar abandonar o júri e exibiu um colete à prova de balas no plenário para espanto dos presentes. Nesta quarta, ela voltou à carga: “Muitos jornalistas me atribuíram palavras que eu nunca falei e isso está colocando em risco a minha integridade física e a da minha equipe”, reafirmou, ao chegar ao Fórum. “Peço aos populares que não me hostilizem porque nao sou acusada nem ré: estou apenas garantindo o direito de Lindemberg a ter uma defesa técnica”.

Apesar das ameaças de pedir a anulação do júri, a advogada garantiu que vai até o fim: “Só saio da plenária com a sentença”.

Euforia – O depoimento do tenente do Gate Paulo Sérgio Schiavo foi alinhado aos dos demais integrantes da polícia que falaram ao júri até agora. Ele afirmou que ouviu o som de um disparo dentro do apartamento antes da invasão. Schiavo e outros quatro policiais estavam desde cedo no apartamento ao lado do imóvel da família de Eloá, onde estavam Lindemberg e os reféns no dia 17 de outubro de 2008, quando ocorreu a invasão.

Segundo ele, as negociações não estavam avançando e o acusado dava sinais de que mataria Eloá e os reféns. Por isso, o comando da operação deu a ordem para que o local fosse invadido se houvesse um fator de risco – o tiro. “Ao ouvir o disparo, a invasão foi imediata”, contou. Foram ouvidos mais dois tiros dentro do imóvel, acrescentou.

De acordo com o depoimento do policial, Lindemberg estava em estado de euforia quando a polícia entrou e gritava: “Eu estou vivo e a matei”.

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