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Cemitério de leprosário tem ossos a céu aberto em SP

Por José Maria Tomazela, correspondente Sorocaba, SP (AE) – Crânios e ossos a céu aberto, cruzes caídas, túmulos abandonados e depredados. Um cenário de filme de terror envolve quem visita o Cemitério São José, no interior do hospital-colônia Dr. Francisco Ribeiro Arantes, o Pirapitingui, em Itu, a 98 km de São Paulo. No último leprosário […]

Por Da Redação
28 nov 2011, 15h52
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  • Por José Maria Tomazela, correspondente

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    Sorocaba, SP (AE) – Crânios e ossos a céu aberto, cruzes caídas, túmulos abandonados e depredados. Um cenário de filme de terror envolve quem visita o Cemitério São José, no interior do hospital-colônia Dr. Francisco Ribeiro Arantes, o Pirapitingui, em Itu, a 98 km de São Paulo. No último leprosário a funcionar no Estado, ainda vivem cerca de 200 pessoas, na maioria, descendentes dos internos doentes. O portal de entrada tem uma cancela, mas os vigias não abordam quem entra. Os visitantes e os próprios moradores denunciam o abandono do cemitério.

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    Das cerca de 200 sepulturas, poucas continuam intactas. A maioria foi saqueada por sucateiros à procura de peças de metal e até dentes de ouro. Outras acabaram sendo alvo de vandalismos e tiveram lápides e adornos quebrados. O comerciante Carlos Alberto Moraes, de Mairinque, contou que a sepultura de uma tia foi violada. Os ossos foram espalhados no lado de fora. Ele conta que o filho dela recolheu o que pôde e levou para um cemitério de Sorocaba. “Ele fez a transferência (dos ossos) sem pedir para ninguém, pois não há quem cuide.” Uma zeladora diz que o cemitério fica fechado e só é aberto quando chegam visitantes. Segundo ela, há anos não são realizados sepultamentos no local.

    O portão de acesso é de madeira e não tem cadeado ou fechadura. Basta empurrar e entrar. Nos túmulos depredados é possível ver restos de ossadas, cabelos e pedaços da madeira dos caixões. Inaugurado na década de 1930, o hospital Pirapitingui foi usado durante décadas para a internação compulsória de doentes com hanseníase, então conhecida como lepra. Os pacientes que morriam eram sepultados no local. Desde o início da década de 90, o próprio hospital está em situação precária.

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    A prefeitura de Itu informou que, embora a responsabilidade seja do Estado, realiza serviços de capina para evitar que o mato tome conta do cemitério. A direção do Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes informou, em nota, que está em curso um projeto para a reforma e a manutenção do cemitério São José. O prazo não foi estabelecido. Além disso, há um processo para a municipalização do cemitério em andamento na Procuradoria Regional de Sorocaba.

    ESQUECIDOS – O Leprosário Pirapitingui, depois denominado Asilo-Colônia Pirapitingui, foi criado em 1930 para abrigar vítimas da hanseníase, quando a doença ainda era conhecida como lepra e vista com preconceito.

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    A Saúde Pública impunha, na época, o isolamento compulsório dos infectados. No livro “Cidade dos Esquecidos”, a escritora Katia Auray relata o drama dos morféticos, como eram chamados os hansenianos, denunciados e caçados até a laço pelos agentes do Serviço Sanitário entre as décadas de 40 a 60 do século passado. O cemitério foi construído para o sepultamento dos doentes que morriam no asilo.

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