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Bruno trocou tiros com seus algozes antes de morrer

Delegado responsável pela investigação não descarta a hipótese de haver um mandante, mas diz que a pesca ilegal está por trás da motivação do crime

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jun 2022, 20h26 - Publicado em 21 jun 2022, 20h11

O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Eduardo Alexandre Fontes, coordena a força-tarefa que  investiga os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Em entrevista a VEJA, ele acredita que há mais pessoas envolvidas no crime, além das oito já identificados. Três assassinos estão presos e outros cinco foram indiciados por ajudar a ocultar os corpos. O superintendente não descarta a existência de um mandante, mas, ao que tudo indica, o crime teve como motivação as desavenças entre o indigenista e os pescadores da região. Segundo ele, antes de morrer, Bruno teria trocado tiros com os seus algozes:

Há mais suspeitos além dos 8 envolvidos já identificados? Atualmente estamos com três pessoas presas, com a prisão temporária decretada por 30 dias. Como o crime é hediondo, permite prorrogação da prisão por mais 30 dias. Já temos cinco pessoas indiciadas pela participação no enterro dos corpos, mas esse número pode subir, ainda estamos investigando. A gente não descarta que possa aumentar esse número de envolvidos. Todos  são ligados à pesca no Vale do Javari.

Há participação de organizações criminosas que atuam na região? Dos oito identificados até o momento, nenhum deles é empresário, traficante ou madeireiro, a menos que apareça no decorrer das investigações. Ao que tudo indica, o crime está ligado às questões envolvendo pesca ilegal.

Como Amarildo justificou no depoimento dele o motivo que o levou a matar Bruno e Dom? O real motivo ainda é objeto da investigação. O Bruno fazia uma forte fiscalização na região para evitar pesca ilegal, ele já havia tido embates anteriores com o Amarido. Estamos aprofundando as investigações para verificar se existe algo além disso.

Quem atirou em Bruno e quem atirou em Dom? O Bruno foi atingido com três tiros, o Dom com um. Os tiros partiram de Amarildo e de Jefferson, o Amarildo é o Pelado, o Jefferson é o Pelado da Dinha. A perícia vai mostrar como foi a dinâmica do evento.

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Houve troca de tiros? O Bruno tinha porte de arma. Segundo relato dos criminosos, ele  teria disparado cinco vezes na direção deles e não teria acertado nenhum (tiro). A arma do Bruno não foi encontrada, provavelmente caiu no rio quando a embarcação colidiu ali com a vegetação.

A Univaja diz que há envolvimento de ‘mandante de organizações criminosas’ do Vale do Javari no crime. Isso é possível? Nós nunca descartamos nenhuma linha investigativa. Os crimes praticados estão relacionados à fiscalização exercida pelo Bruno em relação à pesca ilegal. O Bruno tinha uma importante participação na fiscalização dos crimes que ocorriam próximo aos indígenas e isso desagradava os criminosos. Infelizmente o jornalista estava ali na hora errada, no lugar errado, com a pessoa errada.

Muito se fala em facções que agem dentro da Amazônia, incluindo o PCC. Qual é a extensão do crime organizado na Amazônia? Por conta da tríplice fronteira, Peru, Colômbia, Brasil, o Estado do Amazonas se tornou um corredor para o transporte do tráfico de drogas. Então, há um conflito para dominar o território dessas rotas entre facções criminosas, Comando Vermelho do Amazonas, Primeiro Comando da Capital. Nós trabalhamos fazendo o mapeamento estratégico dos rios, dos igarapés que são utilizados pelas organizações criminosas para o transporte das drogas.  Neste ano já foram apreendidas mais de cinco toneladas e meia de drogas apreendidas por aqui. A  ideia é detectar as grandes lideranças, justamente para cortar essa cadeia de comando.  O importante é a descapitalização do crime organizado.

Muito se falou que o governo federal demorou a investigar o caso no começo. Como o senhor responde a estas críticas? Só afirma isso quem desconhece a região e sobretudo o trabalho que está sendo feito.  Em dez dias  conseguimos desvendar o crime e prender os autores, encontrar os remanescentes humanos em uma região totalmente inóspita. Os trabalhos continuam e nós não vamos poupar esforços para esclarecer esse caso.

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