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Bento XVI inclui ateus na reunião de Assis

O Papa Bento XVI vai incluir pela primeira vez, nesta quinta-feira, quatro ateus no encontro ecumênico de Assis, uma iniciativa original que leva sua marca e que torna concreta a prioridade de um diálogo entre fiéis e não crentes, entre “fé e razão”. A linguista francesa Julia Kristeva, o filósofo italiano Remo Bodei e o […]

Por Por Jean-Louis de la Vaissière
25 out 2011, 13h35
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  • O Papa Bento XVI vai incluir pela primeira vez, nesta quinta-feira, quatro ateus no encontro ecumênico de Assis, uma iniciativa original que leva sua marca e que torna concreta a prioridade de um diálogo entre fiéis e não crentes, entre “fé e razão”.

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    A linguista francesa Julia Kristeva, o filósofo italiano Remo Bodei e o mexicano Guillermo Hurtado, o economista austríaco Walter Baier aceitaram o convite e vão se apresentar ao lado de bispos, pastores, imãs, rabinos e monges budistas, na cidade natal de São Francisco, por ocasião do 25º aniversário do encontro histórico organizado pelo Papa João Paulo II.

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    Julia Kristeva ficará encarregada de falar diante do Papa e dos demais religiosos.

    O convite a personalidades ateias e ligadas à cultura será certamente mal recebido pelos cristãos fundamentalistas e expoentes de outras religiões, para quem essas quatro presenças desfiguram a dimensão estritamente religiosa da reunião em Assis.

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    “Isto vem dele, é sua marca pessoal”, disse à AFP o sacerdote católico francés Laurent Mazas, do Conselho Pontifício da Cultura. A decisão surpreendeu, inclusive, diversos cardeais.

    Em 2009, o Papa havia adiantado à Cúria sua prioridade: “o diálogo com as religiões deve se ajustar ao diálogo com aqueles para os quais a religião é coisa estranha, para quem Deus é desconhecido, e entre os que não querem permanecer sem Deus”.

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    Em julho, o secretário de Estado, Tarcisio Bertone, uma pessoa próxima a Bento XVI, opinou que os questionamentos legítimos dos ateus ajudam os crentes.

    “Estamos convencidos de que a posição de quem não crê pode desempenhar um papel saudável para a religião como tal, ajudando, por exemplo, a identificar possíveis desvios ou falsificações”, havia dito, em alusão a seitas e fundamentalismos que ameaçam todas as religiões.

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    Durante sua visita à Alemanha, em setembro, Joseph Ratzinger havia feito um elogio surpreendente aos “agnósticos, que não encontram a paz”, “mais próximos do reino de Deus que os considerados fiéis rotineiros”.

    Para Mazas, “o Papa deseja eliminar a fronteira entre os dois mundos, sair da oposição dialética, onde apenas são lançados anátemas recíprocos”.

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    De seu discurso de 2009 nasceu outra faceta deste diálogo: o “Pátio dos Gentios”, em referência ao “Atrium Gentium” onde, no antigo templo de Jerusalém, os não judeus podiam dialogar com os judeus.

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    Vários encontros do “Pátio dos Gentios” já foram realizados, como o de Paris, em março – uma reunião com a França laica que havia indignado os católicos convictos.

    O Conselho Pontifício da Cultura já planejou outros encontros com realizações em Tirana (Albânia), Barcelona (Espanha), Palermo (Itália), Praga (República Checa), Milão (Itália) e Nova York (Estados Unidos).

    O diálogo com os não fiéis, explicou o padre Mazas, responde ao temperamento do Papa: um professor que gosta do confronto de ideias e quer mostrar que nada relativo à fé se opõe à razão. No entanto, para ele, um diálogo sadio se apoia no reconhecimento das diferenças.

    O cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho da Cultura, está consciente de que o diálogo com intelectuais, que simpatizam com o cristianismo, possui alcance limitado, porque está longe de alcançar a imensa “zona cinzenta” dos que ignoram a fé e dos que simplesmente são indiferentes”.

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