A barragem de Brumadinho (MG), controlada pela Vale, que se rompeu nesta sexta-feira (25) está classificada pela Agência Nacional de Mineração (AMN) como uma estrutura de “baixo risco”. A categoria refere-se à possibilidade de haver algum desastre e rompimento da estrutura.
Por outro lado, segundo informações do Cadastro Anual de Barragens, o dano potencial que seu rompimento poderia causar é classificado como alto. A barragem da Vale está localizada em um complexo de minas e barragens de rejeitos. A Vale detém outras estruturas para armazenamento de materiais no mesmo local.
Coordenador do projeto Manuelzão, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais e que monitora os impactos ambientais nas bacias hidrográficas do estado, Marcus Polignano afirma que a estrutura da barragem como a que rompeu não é seguro. “A medida que a própria água se infiltra na barragem, ela pode romper com a base”, explica.
“Não houve nem precipitação pluviométrica significativa nesse momento. Nós estamos sem chuva. Isso prova que a insegurança da barragem foi total. Ela rompeu por si mesma, não houve nenhum fenômeno externo para alavancar o processo”, analisa. “Depois de Mariana, não mudamos uma vírgula do processo de mineração e fiscalização. Isso não é um acidente, é uma tragédia anunciada.”
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que a barragem VI no Córrego do Feijão tem volume de 1 milhão de metros cúbicos de rejeito de mineração. A título de comparação, o órgão destacou que, no desastre de Mariana, também no estado mineiro, ocorrido em novembro de 2015, o volume era de 50 milhões de metros cúbicos.
As principais preocupações dos órgãos no momento, entre eles a Defesa Civil, é com resgate de vítimas e proteção de pontos de captação de água. O Corpo de Bombeiros estima que cerca de 200 pessoas estejam desaparecidas. Segundo a mineradora, a barragem armazenava rejeitos de minério de ferro.
(com Estadão Conteúdo)