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Barbosa diz que Justiça brasileira pune mais os pobres e ataca foro privilegiado

Presidente do STF criticou a quantidade de recursos possíveis contra condenações judiciais durante discurso em congresso na Costa Rica

Por Da Redação
3 Maio 2013, 20h39

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou nesta sexta-feira que a Justiça brasileira pune majoritariamente pessoas pobres, negras e sem relações políticas. No discurso que fez em um congresso sobre liberdade de imprensa, na Costa Rica, Barbosa criticou a quantidade de recursos possíveis contra condenações judiciais, atacou o foro privilegiado e a relação entre juízes e advogados no Brasil.

“Brasil é um país que pune muito pessoas pobres, pessoas negras e pessoas sem conexões”, disse. “Pessoas são tratadas diferentemente pelo status, pela cor da pele, pelo dinheiro que tem”, completou. “Tudo isso tem um papel enorme no sistema judicial e especialmente na impunidade”, argumentou.

Barbosa já havia criticado, em sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que chamou de conluio entre juiz e advogados. Agora, atacou as conversas privadas ou reservadas entre juiz e advogado sobre os processos. Na avaliação de Barbosa, o procedimento é “antiético” e um problema cultural brasileiro que contribui para a impunidade.

“Uma pessoa poderosa pode contratar um advogado poderoso com conexões no Judiciário, que pode ter contatos com juízes sem nenhum controle do Ministério Público ou da sociedade. E depois vêm as decisões surpreendentes”, disse. Nesses casos, avaliou o ministro, uma pessoa acusada de cometer um crime é deixada em liberdade em razão dessas relações. “Não é deixada em liberdade por argumentos legais, mas por essa comunicação não transparente no processo judicial”, disse.

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Recursos – Barbosa criticou ainda a possibilidade de um processo criminal percorrer quatro instâncias judiciais antes de ser concluído e afirmou que a quantidade de recursos possíveis ao longo da tramitação do caso, inclusive os habeas corpus, é outra razão que contribui para impunidade no país. “Há formas paralelas de questionar cada uma dessas decisões judiciais [em cada uma das instâncias]. Há infinitas possibilidades de recursos dentro dessas quatro instâncias. Da primeira para a segunda instância, às vezes há quinze ou vinte diferentes recursos”, afirmou. “Qual a conclusão? Um longa demora, é claro”, acrescentou.

Pelas contas de Joaquim Barbosa, um caso que envolva duas ou três pessoas “não é concluído no Brasil em menos de cinco, sete, as vezes dez anos, dependendo da qualidade social da pessoa”.

Além disso, o ministro fez questão de dizer que o foro privilegiado é outra causa da impunidade. Barbosa explicou a jornalistas estrangeiros que prefeitos, governadores, ministros de Estado, parlamentares e magistrados não são julgados por um juiz “No Brasil tem algo chamado foro privilegiado, o que significa que, se um prefeito é acusado de cometer um crime, ele não terá o caso julgado por um juiz regular (…) Se o acusado é um ministro de Estado, membro do Congresso ou ministro do Supremo, o caso será decidido pela Suprema Corte (…) não tem tempo algum para decidir processos criminais”, concluiu.

(Com Estadão Conteúdo)

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