Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Anistia Internacional vê retrocesso em direitos humanos no Brasil

Relatório da organização aponta 'PEC do Teto', Olimpíada do Rio, homicídios contra jovens negros e violência policial como causas para o resultado

Por Da redação
22 fev 2017, 09h40
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O Brasil retrocedeu em políticas de direitos humanos em 2016, concluiu o relatório anual da Anistia Internacional divulgado nesta terça-feira. Para a entidade, a crise política nacional impactou diretamente o setor no país e deixou “um sinal de alerta do que está por vir”. Segundo a Anistia, houve falência das políticas de segurança pública, aumento da violência no campo e retrocessos a direitos fundamentais já conquistados.

    Publicidade

    “O ano de 2016 não foi fácil. Vimos muitas violações aos direitos humanos, como o desmantelamento de estruturas institucionais e de programas que garantiam a proteção a direitos previamente conquistados”, disse a diretora da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck. “As autoridades também se omitiram em relação a temas críticos, como a segurança pública.”

    Publicidade

    A entidade apresentou números que, segundo afirma, comprovam o retrocesso da área de direitos humanos no país. Um deles é a estatística de 60 mil homicídios registrados no Brasil em 2016, contra 58 mil em 2015. “Mais de 70% das vítimas morreram atingidas por arma de fogo. A maioria das vítimas é masculina, jovem e negra”, informou o relatório. O documento destacou o alto número de homicídios cometidos pela polícia em serviço. Segundo o relatório, no estado do Rio de Janeiro, 800 pessoas foram mortas por policiais em 2016 e só 8% desses casos foram investigados.

    “Não investigar o caso é uma segunda forma de violência contra a família da vítima. Isso se tornou uma regra. Ao mesmo tempo, a população carcerária aumentou e a maioria dos presos cometeu crimes não-violentos. Isso mostra que há uma prioridade do estado, por exemplo, no combate ao tráfico de drogas”, disse a assessora de Direitos Humanos da Anistia, Renata Neder. A entidade também citou a violência no campo – pelo menos 47 defensores de direitos humanos e lideranças das áreas rurais foram mortos de janeiro a setembro de 2016 em decorrência de conflitos por terra e recursos naturais.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Olimpíada

    Entre os exemplos de ações que ainda vão impactar os direitos humanos apontados pela entidade, está a Emenda Constitucional 95 (ex-PEC 55), que limita os gastos do governo federal. A medida foi apresentada pelo presidente Michel Temer como uma proposta para reequilibrar as contas públicas e recuperar a economia brasileira e congela as despesas federais por 20 anos. “A PEC pode ter efeitos negativos nos investimentos na saúde e na educação do país. Nenhuma crise, política, econômica ou institucional, pode ser usada como justificativa para a perda de direitos”, disse Jurema.

    O relatório também criticou as autoridades e organizadores da Olimpíada do Rio. Segundo a entidade, não foram implantadas medidas necessárias para evitar violações aos direitos humanos pelas forças de seguranças antes e depois do evento esportivo.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    “O número de pessoas mortas pela polícia na cidade do Rio, imediatamente antes dos Jogos, entre abril e junho, aumentou 103%, em relação ao mesmo período de 2013”, analisou a entidade no texto. “Os moradores de favelas relataram horas de tiroteios intensos e abusos contra os direitos humanos, como buscas domiciliares ilegais, ameaças e agressões físicas. A Polícia admitiu ter matado 12 pessoas durante os Jogos e ter se envolvido em 217 tiroteios em operações.”

    Ministério

    O relatório também criticou a extinção, em maio, do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos e a sua redução a secretarias temáticas, incorporadas ao Ministério da Justiça. A iniciativa, tomada quando o presidente Michel Temer tomou posse provisoriamente do cargo, no primeiro semestre, causou, segundo a Anistia, redução significativa de recursos e programas dedicados a salvaguardar os direitos as mulheres. Este mês, Temer voltou atrás na decisão, recriando a pasta – agora sob o nome apenas de Ministério dos Direitos Humanos – e nomeando a desembargadora aposentada Luislinda Valois.

    Publicidade

    “Uma série de estudos durante o ano mostrou que a violência letal contra as mulheres aumentou 24% durante a década anterior e confirmou que o Brasil é um dos piores países da América Latina para se nascer menina”, afirmou a Anistia no relatório.

    Continua após a publicidade

    (Com Estadão Conteúdo)

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.