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‘Alter é sagrado para eles, jamais poriam fogo’, diz irmão de brigadista

Os quatro rapazes presos na terça-feira, 26, acusados de incendiar área de proteção ambiental na Amazônia, tiveram a prisão revogada ontem

Por Roberta Paduan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 nov 2019, 18h42 - Publicado em 29 nov 2019, 17h24

Irmão de um dos brigadistas acusados de provocar incêndios na área de proteção ambiental de Alter do Chão, em Santarém, no Pará, o paulista Guilherme de Almeida Fernandes, de 32 anos, afirmou que tem certeza da inocência dos quatro rapazes presos na terça-feira, 26, e soltos na tarde ontem. “Eles jamais colocariam fogo em lugar algum, principalmente em Alter do Chão, que é um lugar sagrado para eles”, afirmou Guilherme, que é irmão de Gustavo de Almeida Fernandes, de 36 anos.

Guilherme afirmou a Veja que conversou com Gustavo pelo telefone ontem à tarde, depois de ele deixar a Penitenciária Agrícola Silvio Hall de Moura, em Santarém. “Ele está tranquilo, não reclamou de nada, mas é claro que é um baque ser levado para um presídio. Principalmente alguém de ótima índole, como ele, que nunca teve problemas nem com vizinhos”.

Gustavo, que é paulista, da cidade de Bauru, mudou-se para Alter do Chão há quase cinco anos. Lá, trabalha como gestor de logística na ONG Projeto Saúde e Alegria, organizando transporte e acomodação de profissionais que atendem comunidades carentes no estado do Pará.

A ONG Saúde e Alegria, que atua na Amazônia desde 1987 e atende mais de 30.000 pessoas, foi um dos alvos de uma operação de busca e apreensão na manhã de terça-feira. O coordenador do Projeto, Caetano Scannavino, afirmou que foram “surpreendidos por agentes da Polícia Civil armados até os dentes com metralhadoras, assustando as pessoas que estavam no escritório da organização”.

Formado em turismo, Gustavo também recepciona turistas que visitam a Amazônia e acompanha grupos de brasileiros em destinos internacionais. Segundo sua mãe, a aposentada Elizabete de Almeida Rosa Fernandes, de 63 anos, a família ainda está em choque com o episódio. “Meu marido foi para Santarém no mesmo dia, e eu embarco hoje à noite”, disse.

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Dias antes das prisões, Elizabete havia retornado a São Paulo de uma temporada em Alter do Chão. “Quando o Gustavo viaja com grupos  ao exterior, costumo substituí-lo em outra atividade voluntária que ele presta, em uma creche”, disse mãe. Uma vez por semana, o rapaz ajuda a organizar um almoço oferecido a alunos da creche e seus familiares.

Além de Gustavo, os outros três voluntários da brigada de incêndio de Alter do Chão foram presos na terça-feira. São eles: Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano e Marcelo Aron Cwerner. De acordo com a Polícia Civil do Pará, uma investigação de dois meses apontou indícios de que ONGs, entre elas a Brigada de Incêndio de Alter do Chão, tenham atuado como causadoras dos incêndios que atingiram a região no início de setembro.

Nesta quinta-feira 28, a prisão preventiva dos quatro foi revogada pela Justiça do Estado do Pará. A decisão foi proferida pelo juiz Alexandre Rizzi, da 1ª Vara Criminal de Santarém, o mesmo que deferiu os mandados de prisão e os manteve sob o argumento da “garantia da ordem pública”. No despacho, o magistrado destacou que os investigados já foram ouvidos em depoimento e que “têm residência fixa e ocupação lícita”, “o que significa que, desaparecendo as razões anteriores que levaram a decretação da prisão, a liberdade é a medida que se impõe”.

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O juiz, no entanto, frisou que a decisão não significa “qualquer juízo de absolvição”, e ordenou que eles entreguem os passaportes, compareçam ao tribunal mensalmente, e permaneçam em casa entre 21h e 6h.

A decisão ocorreu no mesmo dia em que o governador Helder Barbalho (MDB) determinou a troca da chefia da investigação sobre o caso. A defesa dos detidos e entidades nacionais e internacionais acusam a Polícia Civil de falta de provas e arbitrariedade no pedido de prisão preventiva, enquanto os investigadores alegam que grampos telefônicos levantam suspeitas sobre a participação dos brigadistas nas queimadas.

A presidência do inquérito, que estava a cargo da Polícia Civil de Santarém, agora terá o comando do diretor da Delegacia Especializada em Meio Ambiente, Waldir Freire. De acordo com Barbalho, a mudança é “para que tudo seja esclarecido da forma mais rápida e transparente possível”. O governador disse ainda que “ninguém está acima da lei, mas também ninguém pode ser condenado antes de esclarecer os fatos”.

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