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Advogados querem levar jurados para dentro do prédio da Kiss

Noite foi de vigília no prédio onde funcionava a boate que pegou fogo há exatos cinco anos em Santa Maria

Por Marilice Daronco, de Santa Maria
27 jan 2018, 11h46

Primeiro, as orações. Depois, o silêncio. Em meio aos dois, os gritos de “justiça!”. Assim foi a pequena – poucos quarteirões separam a praça central da cidade do prédio onde um incêndio matou 242 pessoas em 27 de janeiro de 2013 – e dolorosa caminhada realizada em homenagem às vítimas da Boate Kiss em Santa Maria, na região Central do Rio Grande do Sul.

Foi em frente ao prédio onde há exatos cinco anos ocorreu o incêndio que familiares e amigos de vítimas, profissionais da área de saúde e sobreviventes da tragédia passaram parte da noite em vigília. Há cinco anos, o mesmo ritual se repete. E, agora, deve se manter por mais tempo, pois esta semana a prefeitura da cidade atendeu a um pedido dos advogados de acusação do caso e suspendeu a demolição que estava prevista para começar a partir de abril deste ano. O prédio foi desapropriado para a construção de um memorial, mas ele só deve começar a sair do papel depois do julgamento dos quatro acusados pela tragédia.

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A ideia dos advogados Pedro Barcellos Jr e Ricardo Breier, que representam a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) é levar os jurados do caso para dentro do local onde ocorreu o incêndio. Isso só será possível se o Ministério Público conseguir reverter a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que determinou, no final do ano passado, que Elisandro Spohr e Mauro Hoffmann, sócios da boate, e Marcelo Santos e Luciano Bonilha, integrantes da banda que tocava durante a festa não serão julgados por homicídio doloso (com intenção ou assumindo o risco de matar) e, sim, culposo.

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“Temos convicção de que o STJ vai mudar essa decisão”, afirma Barcellos Jr. O advogado acredita que diante da asfixia das vítimas por fumaça tóxica e dos obstáculos que elas encontraram para sair do prédio, “os jurados precisam conhecer o local, sentir e ver com os próprios olhos como se deu a tragédia”. Questionado se o material audiovisual disponibilizado sobre o caso não seria suficiente, ele destaca que “somente quem entra no local tem a dimensão do desespero que aquelas pessoas viveram em busca de salvarem suas vidas”.

Enquanto o caso não tem um desfecho no âmbito judicial, familiares reclamam da morosidade. “Só quatro dos 28 indiciados pela Polícia Civil foram acusados pelo crime”, lamenta Flavio Silva, pai de Andrielle Silva, uma das vítimas do incêndio. Por isso, seguem mobilizados. Desde quinta-feira, ocorre uma série de eventos em homenagem às 242 vítimas da tragédia. Na sexta-feira, além da vigília, ocorreu a primeira exibição do documentário Depois Daquele Dia de Luciane Treulieb, jornalista irmã de um dos mortos no incêndio, João Treulieb. Centenas de pessoas aplaudiram de pé o relato emocionado da jovem, que contou no filme, em primeira pessoa o que ela, sua família e a cidade viveram depois que Santa Maria, que era conhecida por ser uma cidade universitária, se transformou na “Cidade da Kiss”.

Neste sábado, foi aberto o concurso nacional para a escolha de um projeto para o memorial e ocorreu um debate sobre o andamento judicial do caso. À tarde, os familiares voltam a se reunir das 17h20min às 21h para homenagens. No fim do evento, serão soltos balões e haverá toque de sinos em lembrança às vítimas.

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