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Advogado de Bola transforma júri em baixaria e perde direito de interrogar testemunha

Ércio Quaresma afirma que quer levar julgamento "até o horário do 'Fantástico'", ofende delegado do caso e tem a palavra cassada pela juíza

Por Pâmela Oliveira, de Contagem
25 abr 2013, 15h49

(Atualizado às 16h40)

O advogado Ércio Quaresma, que defende o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza Samudio, tem um objetivo claro e assumido: levar o julgamento “até o horário do Fantástico” – o programa de variedades das noites de domingo na Rede Globo. A afirmação resume com propriedade o cenário no Fórum de Contagem, onde ocorre desde a segunda-feira o terceiro julgamento de réus do Caso Bruno. Das outras vezes, Quaresma, que protagonizou momentos de baixaria ao longo da investigação, também tumultuou o processo, mas foi limitado por ter, depois de uma série de trapalhadas, ficado sem um réu que o desse direito à palavra. Desta vez, o “circo”, forma como ele próprio se refere ao júri, é todo dele.

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No segundo dia de testemunho do delegado aposentado Edson Moreira, que presidiu as investigações sobre a morte de Eliza Samudio, as perguntas técnicas relativas à investigação deram lugar a ironias, agressividade, intimidações e provocações do advogado. Quaresma discutiu com a testemunha e com a juíza Marixa Fabiane Rodrigues. De dedo em riste, chamou o promotor Henry Castro de “canalha e mentiroso”. E o desafiou: “Você não é homem”. Ao retornar ao plenário, completou: “Vamos continuar o julgamento. Com o tempo, ele vai ter o que merece”.

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Depois de afirmar de forma debochada que ainda teria “a testemunha em suas mãos por pelo menos doze horas”, Quaresma teve a palavra cassada pela juíza. Outro advogado do grupo – Bola tem onze advogados constituídos – pode prosseguir com o interrogatório. A juíza afirmou que o fato de querer manter a testemunha por longos períodos em interrogatório caracteriza a predominância de “questões pessoais” no interrogatório, e que isso não é adequado ao júri. “Posso, inclusive, recuperar citações da defesa durante a inquirição da testemunha que são realmente de caráter desrespeitoso”, destacou a magistrada, concluindo: “Não há dúvida do abuso do dr. Quaresma”.

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O defensor foi obrigado a se calar – mas pode voltar em outro momento do júri. E a resistência dele diante da testemunha não perdurou quando seu auxiliar, Fernando Magalhães, tomou a palavra para prosseguir o interrogatório. Menos de meia hora depois, ele dava por encerrada sua participação, comprovando que o objetivo de Quaresma era apenas espetacularizar – mais uma vez – o julgamento. Desde o início da manhã, o clima entre Quaresma e Moreira já era de hostilidade. Cansado das perguntas repetitivas e das longas explanações feitas por Quaresma antes de cada questão, Moreira – que depôs por 11 horas no total, entre quarta e quinta – afirmou já ter respondido uma das questões. E disse que, por esse motivo, não repetiria a resposta. Quaresma não perdoou e disparou: “Vossa excelência, por favor, avise à testemunha que aqui ela não é delegado. Quem indefere pergunta minha é a senhora. Aliás, nem delegado ele é mais”.

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Em seguida, o advogado insinuou que Moreira não dizia a verdade, afirmando que “político fala o que quer”, em referência ao fato de Moreira ter sido eleito vereador, em Belo Horizonte. Repreendido pela juíza Marixa Fabiane, que pediu a Quaresma para se dirigir de forma respeitosa à testemunha, o advogado prosseguiu na sua estratégia de irritar o delegado aposentado. Em uma das vezes que Moreira pediu para usar o banheiro, o defensor de Marcos Aparecido comentou. “Ele também é mijão”.

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O clima esquentou quando o advogado repetiu, reiteradamente, que o Ministério Público fez acordo para condenar os demais réus envolvidos na morte de Eliza Samudio. O promotor Henry Castro interveio, dizendo que não houve acordo e que dizer isso era uma “atitude canalha e mentirosa”. Em seguida, Quaresma chamou o promotor de mentiroso e canalha. Castro revidou as acusações.

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