Testemunha lembra o passado sujo de Bola na polícia
Réu tentou ingressar em três corporações diferentes, em Minas Gerais e São Paulo, entre 1984 e 1992. Em todas as ocasiões, foi expulso por indisciplina
Por Pâmela Oliveira, de Contagem
23 abr 2013, 21h16
Renato Patrick Teixeira havia sido arrolado pela defesa para depor no julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Do atual corregedor geral da Polícia Civil de Minas Gerais, Ércio Quaresma esperava a declaração de que policiais envolvidos na investigação do sequestro e da morte de Eliza Samudio, como o delegado Edson Moreira, que chefiou o inquérito, já enfrentaram processos administrativos que poderiam derrubar a credibilidade de seus depoimentos. Mas não foi (apenas) isso que Teixeira falou após jurar dizer a verdade diante da juíza Marixa Fabiane.
Coube a ele, com a ajuda da acusação, lembrar o passado sujo do réu na polícia. Paulista de Santo André, Bola tentou ingressar em três corporações diferentes, em Minas Gerais e São Paulo, entre 1984 e 1992. Em todas as ocasiões foi expulso por indisciplina – sendo que, na nova admissão, nunca revelava o motivo da saída anterior. “Ele foi expulso por falta de idoneidade moral”, resumiu o corregedor.
Possivelmente prevendo a reviravolta – e o desastre -, a defesa ensaiou a dispensa da testemunha por volta das 18h30 deste segundo dia de julgamento no Fórum de Contagem. Mas em vez de acatar o pedido, a juíza decidiu ouvir a opinião do Conselho de Sentença. Um dos sete jurados informou que desejava, sim, ouvir o que Teixeira tinha a dizer, e ele foi chamado. O que se viu a partir de então foi uma exposição minuciosa da ficha de Bola na corporação, levando ao conhecimento dos jurados informações ainda não relatadas neste Tribunal do Júri.
Além dos motivos para a expulsão do ex-policial, Teixeira também revelou que Bola é investigado pelo desaparecimento de dois homens em 2008, que nunca foram localizados – assim como não há sinais do corpo de Eliza Samudio, assassinada há quase três anos. De acordo com o corregedor, testemunhas relataram que os dois homens foram vistos pela última vez com Bola e alguns comparsas próximo ao sítio em Vespasiano onde o réu treinava irregularmente policias do Grupamento de Ações Táticas Especiais (GRE) de Minas Gerais. Chegou a ser encontrado sangue no local, mas não havia material em quantidade suficiente para a realização de exame de DNA.
O corregedor disse ainda que o policial responsável pelo GRE à época, Júlio Cesar Monteiro de Castro, responde processo administrativo por permitir que Bola – que não tinha qualquer ligação oficial com a polícia – treinasse agentes. Conforme Teixeira, o homem acusado de executar Eliza Samudio no mesmo sítio usava roupas semelhantes às dos policias treinados e era responsável pela manutenção do local. No fim do rápido depoimento, Quaresma disse que convocou o corregedor também para desmentir a tese de que Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi assassinado no ano passado por queima de arquivo. As investigações apontaram que a razão para a morte foi o envolvimento do jovem com a mulher de um traficante da região.
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