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Advogado da boate Kiss mentiu sobre superlotação

Mortos e feridos atendidos na rede pública somam 804 vítimas. Capacidade máxima da boate era de 691 pessoas. Defensor de um dos sócios da casa usa número de ingressos vendidos para tentar afastar hipótese de excesso de público na casa noturna

Por Marcela Donini e Luís Bulcão, de Santa Maria
Atualizado em 10 dez 2018, 10h31 - Publicado em 31 jan 2013, 14h26
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  • Uma conta simples, que envolve mortos e feridos, desmonta a tese do advogado da boate Kiss sobre o público presente na noite da tragédia. Na quarta-feira, Jarder Marques, que defende Elissandro Spohr, o Kiko, apresentou à imprensa cerca de 400 convites referentes à festa “Agromerados”, que ocorreu na noite do último sábado. Segundo ele, teriam sido impressos 850 convites. Com isso, argumenta Marques, haveria uma ‘prova’ de que seu cliente não extrapolou os limites de segurança da casa. A Kiss tinha autorização para manter, no máximo, 691 pessoas na casa.

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    A conta de Marques é a seguinte: 850 convites impressos, menos 400 que não foram vendidos, sobram 450 pessoas dentro da casa, mais o que foi vendido na bilheteria. Este é o número que falta. Mas Marques afirma que “o Kiko mantinha entre 600 e 700 pessoas dentro da boate para não ultrapassar a lotação e deixar o evento agradável para os clientes”.

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    https://www.youtube.com/watch?v=m4gl-WfPM5A

    O total de vítimas, entre mortos e feridos, derruba a tese da defesa de que o limite da casa era respeitado. De acordo com a Força Nacional do Sistema Único de Saúde, foram 568 pessoas atendidas de domingo até a tarde de ontem na cidade – um deles morreu na quarta-feira. Há ainda duas vítimas que buscaram assistência diretamente em Porto Alegre e Ijuí. Somados os 234 óbitos do domingo e os 570 atendimentos, deduz-se que havia pelo menos 804 pessoas na boate. Outros tantos escaparam.

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    O número de feridos e mortos, sozinho, ultrapassa a capacidade da boate. Vale lembrar: a contagem não considera as pessoas atendidas em clínicas particulares. Para o delegado Marcelo Arigony, responsável pelo inquérito, os dados são suficientes para provar que a casa estava superlotada no dia da tragédia. “É só fazer a conta”, disse Arigony.

    Ainda assim, o advogado de Kiko Spohr, Jader Marques, não admite a possibilidade da superlotação na boate na noite do incêndio. “Não teve (superlotação) de maneira alguma. Inclusive o Kiko me disse que a festa não ‘bombou'”, afirmou, em entrevista ao site de VEJA, referindo-se a uma estimativa do principal suspeito pela tragédia. O argumento usado pelo advogado é tão estranho quanto a conta feita para desmentir a superlotação. Segundo ele, pessoas que não estavam dentro da boate podem ter sido atendidas.

    Marques reclama ainda que não teve acesso à totalidade do inquérito – ainda em fase de elaboração. Segundo o advogado, foram impressos 850 convites para serem adquiridos antecipadamente, mas menos de 300 teriam sido vendidos. Apesar de admitir que era possível comprar entradas na hora, ele não soube dizer quantas a bilheteria vendeu. Essa informação, aliás, não está disponível porque os computadores da boate desapareceram. A suspeita de ocultação de provas faz parte do conjunto de indícios que embasou o pedido de prisão de quatro envolvidos: Kiko, Mauro Hoffmann, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e Luciano Bonila, assistente de palco do grupo.

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    Em coletiva na manhã desta quinta-feira, o secretário estadual da Saúde, Ciro Simoni, informou que o número de internados é de 138, sendo que 87 estão na UTI e, destes, 76 ainda respiram por aparelhos.

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