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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A Amazônia é a chance de Mourão

Se reduzir o desmatamento, o vice vira protagonista junto ao empresariado

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 18h49 - Publicado em 13 jul 2020, 11h49

O desprezo de Jair Bolsonaro com o meio ambiente criou a oportunidade do vice-presidente Hamilton Mourão se viabilizar como um novo protagonista junto aos mais influentes empresários e investidores no Brasil. Na semana passada, Mourão se reuniu por teleconferência com 34 gestores de fundos internacionais que juntos administram U$ 4,6 trilhões em ativos e um grupo dos maiores exportadores brasileiros para debater a preservação da Amazônia. A política antiambiental de Bolsonaro é um desastre para as empresas brasileiras e as estrangeiras com investimentos aqui.

No Estadão, o presidente da Suzano, Walter Schalka, disse que o Brasil caminha para o “precipício ambiental”. Ao jornal O Globo, o presidente da Natura, João Paulo Ferreira, disse que “nunca fomos tão questionados sobre nossa responsabilidade ambiental, em todos os idiomas, em todos os fóruns”. Ser conivente com a devastação da Amazônia é ruim para os negócios.

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Mourão tentou tranquilizar os empresários e investidores anunciado uma moratória de 120 dias nas queimadas na Amazônia e no Pantanal. A promessa foi recebida com desconfiança. Em 18 meses, o pior ministro do meio ambiente da história, Ricardo Salles, desmontou os órgãos de fiscalização, cancelou acordos de cooperação internacionais e incentivou a ação de garimpeiros e grileiros. Como resultado, 2019 foi o ano de maior desmatamento em 13 anos. Este ano, será pior. Alertas feitos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicam a perda de mais de 1 mil km² no mês de junho, a maior área devastada em cinco anos. Já são 14 meses consecutivos de crescimento no desmatamento em relação aos mesmos meses do ano anterior. Dados por satélite mostram que dois terços do garimpo realizados na Amazônia em junho ocorreram em áreas legalmente protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas), o que prova ou a incapacidade do governo em preservar suas terras, ou o clima de liberou geral na região. Provavelmente os dois.  

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No início do ano, para responder à pressão internacional e dar alguma tarefa para Mourão se ocupar, o presidente nomeou o vice-presidente como coordenador do Conselho Nacional da Amazônia Legal. Era para ser um rebaixamento. Virou oportunidade.

Nas condições atuais, a possibilidade de um impeachment está abaixo dos 10%. Os deputados do Centrão foram cooptados com o toma-lá-dá-cá, o auxílio emergencial impediu a explosão social e é difícil imaginar milhões irem às ruas para derrubarem o capitão Bolsonaro e colocarem no seu lugar o general Mourão. Mas com o problema da Amazônia nas mãos, Mourão ganhou uma oportunidade.

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Não será simples. A única iniciativa até agora do Conselho presidido por Mourão foi uma operação militar de resultados inferiores aos anos no qual o Ibama combatia desmatamentos sozinho. Também falta dinheiro. Dos R$ 60 milhões anunciados no orçamento, apenas R$ 454 mil foram liberados efetivamente.

O vice também tenta convencer os governos na Noruega e da Alemanha a retomar o Fundo Amazônia, interrompido por Ricardo Salles. Criado em 2008, o Fundo garantia recursos de R$ 1 bilhão para proteção de parques e florestas nacionais na Amazônia. O governo brasileiro só precisava comprovar que o dinheiro estava sendo gasto nos projetos certos. Salles tentou desviar o dinheiro para pagar indenizações a grileiros do Rio Grande do Sul e o Fundo foi suspenso. 

O Brasil já foi vilão ambiental nos anos 90, quando uma ONG britânica vendia uma camiseta com a inscrição “Salve a Amazônia, Mate um Brasileiro”. Mas virou o jogo. Foram anos de combate pesado com fiscalizações ostensivas, trabalho científico com certificação de florestas privadas com mapas via satélite e consciências de grupos privados. Em 2006, por exemplo, as exportadoras de soja se comprometeram a não comprar soja produzida em áreas desmatadas dentro da Amazônia legal, premiado quem trabalha legalmente. O esforço fez efeito. Em todas as Conferências Ambientais do século 21, o Brasil passou a ser um exemplo de controle e protagonista de acordos climáticos muito mais ambiciosos do Europa e EUA. Mourão, portanto, não precisa reinventar a roda. É só jogar as laranjas podres no lixo e usar o conhecido já adquirido e que deu certo.

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