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Por Sérgio Praça
A partir do que há de mais novo na Ciência Política, este blog do professor e pesquisador da FGV-RJ analisa as principais notícias da política brasileira. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Resquícios de um debate

O primeiro debate presidencial marcou o início, na prática, da campanha de 2018

Por Sérgio Praça 14 ago 2018, 08h37

O tempo acalma. Esperei até hoje, cinco dias após o primeiro debate entre candidatos a presidente, organizado pela Rede Bandeirantes, para comentar os principais pontos.

* Geraldo Alckmin (PSDB) é entediante. Cita números. Promete. Outro dia afirmou que seu governo não será corrupto mesmo com Roberto Jefferson (PTB) e Valdemar Costa Neto (PR), pois terá “rigor ético”. A julgar pela corrupção nas obras do Rodoanel e merenda escolar durante sua gestão, esse tipo de compromisso serve para nada. Melhor é criar instituições de combate à corrupção e dar a elas autonomia suficiente para proteger o governo de si próprio. Mas o motivo de São Paulo ter instituições débeis não foi perguntado a Alckmin.

* Ciro Gomes (PPS) sugeriu que ouvir Cabo Daciolo (Patriota) é um “custo da democracia”. Disse que vai renegociar a dívida pessoal de todos os brasileiros com os bancos. Persio Arida, economista ligado a Alckmin, estima que isso custaria mais de R$ 60 bilhões.  Fica a dica de pergunta para Daciolo no debate da próxima sexta-feira, na Rede TV.

* Guilherme Boulos (PSOL) não veio para ficar. No início de novembro estará esquecido. Dificilmente teria cargo no governo de Fernando Lula Haddad, pois não tem estofo acadêmico, experiência administrativa ou filiação ao PT. (Bem, isso sempre pode mudar.) Fora do Rio de Janeiro – onde está seu principal expoente, Marcelo Freixo –, o PSOL não existe. A ideia de Boulos presidenciável, aliás, foi de Freixo – que não parece ser suficientemente bem-humorado para que seja pegadinha.

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* Cabo Daciolo (Patriota) foi engraçado. Teme a fictícia URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), uma usina de memes. Antes de criticá-lo demais, vale lembrar que ele conseguiu uma proeza que nem João Amoêdo (Novo) ousou: juntou-se a um partido com três deputados federais em abril e a bancada de cinco exigida pela lei eleitoral foi completada com Pastor Eurico, de Pernambuco, logo em seguida. Se um dos requisitos para ser bom presidente é atrair aliados, Daciolo bate Amoêdo sem dó.

* Jair Bolsonaro (PSL) parece menos arrivista ao lado de figuras como Boulos e Daciolo. Não entrou em provocações fáceis. Descompensado quando se trata de direitos humanos e mulheres, está empenhado em convencer todos de que Paulo Guedes tocará seu governo. Prefere fazer campanha, discursos, polêmicas. Estaria mais à vontade no início dos anos oitenta, disputando com Paulo Maluf (PP) a chance de ser derrotado por Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.

* Álvaro Dias (PODEMOS) tem pouco a dizer. Em entrevista à Globo News, afirmou ter saído do governo do Paraná aprovado por 93% dos cidadãos. O percentual correto é 42%. Delírio de grandeza é pré-requisito para a atividade política.

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* Henrique Meirelles (MDB) é o clássico candidato liberal. Responsabilizou-se pelo bem-estar econômico durante o governo Lula, quando foi presidente do Banco Central. Esqueceu-se de dizer que o boom de crescimento ocorreu por diversos fatores, como o aumento no preço das commodities exportadas pelo Brasil por conta do comportamento da economia chinesa – mas, de fato, Meirelles foi um bom presidente do Banco Central. Fico mais curioso com outra coisa. Após presidir o Bank Boston, pousou em Goiás, em 2002, para se candidatar a deputado federal. Sua votação foi a maior do estado. Os goianos estavam tão ansiosos para eleger um homem rico sem experiência política?

* Marina Silva (Rede), em suas próprias palavras, é um “milagre da educação”. Alfabetizou-se aos 16 anos e depois tornou-se professora de História da Universidade Federal do Acre. Foi ministra do Meio Ambiente durante o governo Lula. De acordo com um ótimo estudo de Rebecca Abers e Marília Oliveira, “ela foi a ministra que primeiro realizou conferência nacional para que a sociedade pudesse participar da elaboração das políticas ambientais do novo governo e para diversificar o diálogo com a sociedade, pois, inicialmente, corria-se o risco de ficar concentrado apenas entre as ONGs ambientalistas que faziam parte do seu ministério”. Marina Silva adora participação social em decisões de políticas públicas. Como equacionar isso com o Legislativo? Ela poderá esclarecer melhor esse ponto nos próximos debates.

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