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Processo contra Lula é ‘abuso de poder’ e tem ‘falhas’, diz Dilma

Ex-presidente participou de evento em Porto Alegre onde defendeu candidatura de Lula: “a pessoa inocente pode concorrer”

Por Paula Sperb
Atualizado em 4 jun 2024, 17h26 - Publicado em 22 jan 2018, 14h08

Aplaudida de pé, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse na manhã desta segunda-feira, em Porto Alegre, que o processo contra seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, contém falhas e caracteriza “abuso de poder”. Dilma participou do evento “Diálogos internacionais para a democracia”, que reuniu militantes em defesa de Lula. O recurso de Lula contra a condenação a nove anos e meio, pelo juiz Sergio Moro, será julgado na quarta-feira pela 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).

Dilma citou como falha o que para ela é a ausência de “ato de ofício”, uma ação presidencial documentada que justificaria o recebimento de vantagem ilícita. Neste caso, a vantagem seria o apartamento conhecido como “tríplex do Guarujá” como forma de forma de propina. Porém, a matrícula do imóvel está em nome da construtora OAS e o apartamento foi penhorado por dívida da construtora, explicou Dilma. “Se isso não é escancaradamente algo muito complicado e que caracteriza abuso de poder em todo processo…Que país é esse?”, questionou.

Para Dilma, caso Lula seja impedido de concorrer, a indignação popular irá aumentar porque políticos como Aécio Neves (PSDB-MG), que foi grampeado pedindo propina, e o presidente Michel Temer (PMDB), cujo assessor foi filmado com uma mala de dinheiro, “estariam livres para fazer o que quiserem”. “Todos podem concorrer e disputar eleição. (…) Enquanto isso, Lula é acusado sem base jurídica, com falhas jurídicas”, disse a ex-presidente.

Além disso, a ex-presidente voltou a afirmar que não existe “plano B” para substituir Lula na eleição. “Essa contradição não é nós que resolveremos. É a contradição entre o fato de ele ser inocente e estar sendo culpado. Para nós, ele é inocente e a pessoa inocente pode concorrer”, afirmou.

A petista também criticou a reforma da Previdência, a reforma trabalhista, o teto de gastos e as mudanças na partilha de produção da Petrobras. Para Dilma, essas ações nunca seriam aprovadas em uma eleição caso estivessem explícitas em programas de governo dos candidatos. Tais propostas jamais teriam aprovação”, afirmou.

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Ainda no evento, Dilma falou que os partidos que fizeram oposição ao PT  “não têm candidato” para disputar contra Lula, apontado como favorito nas pesquisas eleitorais. Até o apresentador da rede Globo Luciano Huck foi criticado. Dilma disse que doar casa ou automóvel “não é política social, mas de auditório”.

A ex-presidente aproveitou para questionar “o que é o novo” na política. “Vejam vocês, o Trump [presidente dos Estados Unidos] é o novo, você tem vários ‘novos’ ocorrendo por aí”, falou.

Antes de Dilma, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) também participou do evento onde falou que “a única sentença possível” para Lula é a sua absolvição. A senadora também apontou o risco de uma “ditadura de toga”, em crítica ao poder Judiciário.

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No domingo, os movimentos sociais inciaram a montagem do acampamento no Anfiteatro Por do Sol, a 2 km do TRF4, para aguardar a chegada da marcha da Via Campesina na manhã desta segunda-feira. O ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse que não há “ameaça concreta” à segurança vinda dos movimentos a favor ou contra o ex-presidente.

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