Por falar em Constituição…
É hora de as Forças Armadas e de o Congresso Nacional pararem de fazer cara de paisagem.
Bolsonaro foi a mais uma manifestação contra o isolamento. Mais uma aglomeração. Mais uma exortação a que as pessoas ponham suas vidas em risco. Mais um atentado à saúde pública. Mais uma violação ao artigo 268 do Código Penal.
Disse que o povo está com ele. Pelo que se sabe, cerca de 30% do povo estão com ele. E, pelo que se sabe, esse contingente está caindo. Já os que estão contra passam de 40%.
Disse que Deus está com ele. Disso, não se sabe. Dado seu comportamento, a única coisa que Bolsonaro parece ter em comum com Deus é seu segundo nome, Messias. E olhe lá.
Disse que as Forças Armadas estão com ele. Pelo que se sabe as Forças Armadas, conforme dita a Constituição, estão com o Brasil e com os brasileiros. E não deveriam estar com um presidente numa manifestação que atenta conta contra a saúde pública, que viola a lei e a Constituição, que constrange as Forças Armadas.
E disse que “não haverá mais interferências no governo”. E que “Chegamos ao limite. Não tem mais conversa. Daqui pra frente não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição. Ela será cumprida a qualquer preço”. A declaração soou como uma ameaça aos demais Poderes. Aliada à declaração anterior, sugere que as Forças Armadas o apoiariam em uma agressão a esses Poderes.
Por falar em Constituição, já passou da hora de as Forças Armadas pararem de fazer cara de paisagem e desautorizarem o uso de seu nome pelo presidente em manifestações ilegais e golpistas.
Por falar em Constituição, já passou da hora de o Congresso Nacional parar de fazer cara de paisagem e tomar uma providência em relação a um presidente que é useiro e vezeiro em ferir o artigo 85 da Constituição Federal — o que rege o crime de responsabilidade.