Fundeb 492 x 6 governo Bolsonaro
A importância que o governo Bolsonaro dá à educação é "imprecionante"
A renovação do Fundeb vem sendo discutida no Congresso desde o ano passado. Durante todo esse período, o então ministro Abraham Weintraub optou por se manter fora do debate, tentando esvaziar o assunto (e deixando claro qual é a prioridade que o governo Bolsonaro dá à educação). Perdeu.
No último minuto, o governo quis apresentar uma proposta absurda, que deixaria o ano que vem inteiro sem Fundeb — depois do apagão educacional deste ano, inevitável por causa da Covid, teríamos outro, voluntário, por falta de dinheiro. Perdeu.
Aí tentou contrabandear parte dos recursos para uma proposta assistencial fora da área educacional (aumentar o acesso dos pobres a creches é importantíssimo, mas não tem a ver com educação) e que envolvia um truque — como o Fundeb está fora do teto de gastos, seria uma manobra contábil para estourar o teto. Perdeu.
Aí tentou adiar a votação. Perdeu.
O Fundeb foi renovado e teve os recursos dobrados, e o placar dá ideia do apoio da sociedade e do tamanho da derrota do governo: 499 a 7 no primeiro turno, 492 a 6 no segundo.
O ministro Luiz Eduardo Ramos saiu aplaudido por ter aceitado o projeto como estava em troca de um suposto futuro apoio do Congresso ao projeto Renda Brasil, um Bolsa Família turbinado e com novo nome (Bolsonaro sempre foi contra o Bolsa Família, mas o auxílio emergencial o fez descobrir que dar dinheiro aos pobres aumenta a popularidade), que ainda nem sequer foi formulado.
A realidade da derrota do governo é revelada pela identidade dos que votaram contra: seis são bolsonaristas-raiz, como Bia Kicis e o “príncipe” Luiz Phillipe de Orleans e Bragança. Pelo que se viu até aqui, a visão do “príncipe” — educação é problema exclusivo dos estados, não deveria nem ser mencionada na Constituição Federal — é a mesma de Paulo Guedes e de Jair Bolsonaro.