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Depressão: o avanço entre os homens e a descoberta de uma esperança

Edições antigas de VEJA mostraram que o preconceito, principalmente do sexo masculino, dificulta o diagnóstico da doença

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h29 - Publicado em 19 abr 2018, 15h04

A mais recente edição de VEJA (2.579), que estará nas bancas a partir desta sexta-feira, detalha um dos efeitos negativos da evolução tecnológica: “No mundo conectado das redes sociais, em que tudo é compartilhado, os adolescentes nunca estiveram tão sós — é o paradoxo que alimenta o estrondoso aumento dos casos de depressão“.

“A prevalência da depressão entre jovens é acachapante. Nos últimos cinco anos, a incidência entre homens e mulheres de 12 a 25 anos teve um salto de quase 40%”, diz a reportagem. E mais à frente, explica por especialistas qual o maior problema para as novas gerações: “‘O mundo está repleto de situações que contribuem para a depressão, em especial para os mais novos’, afirma Luciana Sarin, psiquiatra do Programa de Doenças Afetivas da Universidade Federal de São Paulo. ‘É um movimento novo, que pede atenção.’ Os adolescentes acordam, dormem, comem, estudam, vão para a festa e ao banheiro, tudo sempre de olho no celular — quando recebem respostas rápidas, está quase tudo bem, o diálogo prossegue acelerado, com emoticons, frases picotadas etc. A vida segue sua toada, 100% conectada. O silêncio e a demora, os bastões do WhatsApp apagados, no entanto, são sinônimo de eternidade e ansiedade, muita ansiedade. ‘O uso abusivo de smartphones favorece os sintomas da depressão’, diz Pedro Pan, psiquiatra e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo.”

A evolução dos tratamentos e as descobertas sobre o assunto avançaram muito nos últimos anos, o que exige um cuidado extra na busca de explicações científicas em edições antigas, área de atuação deste blog. Mas certamente vale mostrar também que, ainda que com outras motivações e desafios diferentes, a depressão sempre foi uma preocupação constante, tema de algumas capas e várias matérias de VEJA, como não poderia deixar de ser.

Em 31 de março de 1999, na edição 1.591, a revista apontava para o crescimento do mal entre os homens, apesar de ser mais observado em porcentual maior entre o público feminino.

Capa de 31 de março de 1999, na edição 1.591, fala sobre “a luta contra a doença da alma” (Reprodução/VEJA)

“Como tudo o que diz respeito à depressão, o fato de as mulheres serem vítimas mais freqüentes do mal ainda não é totalmente explicado. As mulheres costumam ser consideradas mais suscetíveis aos climas emocionais que os homens. Mas à depressão? Por quê? No caso específico da depressão, descobriu-se que os neurônios das mulheres são banhados com quantidades menores de uma substância-chave no controle do humor e das sensações de bem-estar. Essa substância, a serotonina, é mais abundante no cérebro masculino do que no feminino. Como as crises depressivas coincidem com a diminuição da concentração dessa substância no cérebro, os pesquisadores acham que encontraram uma boa pista para explicar a maior suscetibilidade das mulheres diante desse mal.”

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A reportagem de 1999 também toca uma questão essencial para explicar a quantidade maior de registros no público feminino. “Uma outra explicação científica não agradaria muito aos homens, que sempre se consideraram mais resistentes do que as mulheres. Simplesmente, as mulheres seriam muito mais abertas para aceitar e revelar que sofrem de depressão. ‘Por ser confundida com um traço de fraqueza de caráter pela sociedade, a depressão tende a ser negada pelos homens. Mas não pelas mulheres’, diz a americana Lucy Puryear, diretora da clínica feminina do Baylor College, de Houston.”

A reportagem explica as inúmeras dificuldades que sofrem quem passa pela depressão, começando pelo fato de a doença ter um diagnóstico complexo e muitas vezes subdimensionado por pacientes e familiares. ”A dor de uma unha encravada dispensa reflexões. Uma úlcera no estômago, além de se anunciar fisicamente de forma indubitável, pode ser detectada em exames de laboratório. Com a depressão é diferente. Ela não pode ser auscultada pelo estetoscópio, revelada em radiografia nem observada em exames de laboratório. Localizada na parte mais nobre do corpo, o cérebro, ela se esconde em meio aos 100 bilhões de células neuroniais. Confunde-se com os pensamentos mais abstratos e com as emoções mais profundas — metaforicamente falando, tem raízes na própria alma. É uma doença híbrida. Embora possa ser reduzida a um problema bioquímico e atacada com sucesso pelos remédios, será sempre um mistério.”

Um ponto em comum com a edição atual pode ser visto na matéria de 19 anos atrás: “Dois outros grupos de especial risco são os adolescentes e os idosos. Nos dois casos, a depressão aflora nas pessoas mais suscetíveis por causa das perturbações que vêm com as transformações da puberdade e a deterioração física da velhice”.

Em 28 de novembro de 2012, edição 2.297, VEJA apresentou a cetamina, uma nova esperança contra a depressão. “Usada desde a década de 60 como anestésico, revela-se um potente antidepressivo e abre uma linha inédita de estudos sobre a doença.”

Capa de 28 de novembro de 2012, edição 2.297, apresentava uma esperança no tratamento (Reprodução/VEJA)

“Apesar de todas as conquistas médicas, entre 30% e 40% dos pacientes não encontram alívio algum com os recursos terapêuticos desenvolvidos até hoje. A cetamina é uma luz nessa escuridão probabilística. Aperfeiçoada na década de 60 para o atendimento aos soldados americanos durante a Guerra do Vietnã, a cetamina foi usada, nos anos 90, como um alucinógeno (ilícito, ressalve-se) de adeptos do movimento clubber, gente que varava a madrugada em casas noturnas movimentando-se no bate-bate do ritmo tecno. O modismo químico passou – dele restaram pessoas devastadas e o conhecimento das engrenagens metabólicas da droga.”

A droga, segundo a reportagem, é um importante remédio contra o pior trágico em casos mais graves. “O ganho de tempo proporcionado pela nova substância pode representar a vitória da vida sobre a morte. Cerca de 1% das mulheres depressivas e 7% dos homens nas mesmas condições cometem suicídio, em uma frequência vinte vezes maior do que a registrada na população em geral.”

Leia mais um trecho do texto de 2012:

“O cérebro não é o único órgão envolvido na depressão. Definitivamente, não. A doença está relacionada a um desequilíbrio metabólico com impacto em quase todo o organismo. A depressão, por isso, nunca vem sozinha. É como o desenho daquela pedrinha que, jogada na água, gera círculos concêntricos que se ampliam. As alterações fisiológicas deflagradas por um quadro depressivo manifestam-se tanto sob a forma dos sintomas da doença quanto no desenvolvimento ou agravamento de outros distúrbios. Um bom exemplo das múltiplas reações provocadas pela depressão é o que ocorre com o cortisol, o hormônio do stress. Em circunstâncias normais, os níveis da substância no sangue seguem um ritmo muito bem definido: são altos pela manhã (do contrário, não sairíamos da cama) e vão diminuindo ao longo do dia. Entre as vítimas de depressão, os níveis de cortisol tendem a permanecer nas alturas – ininterruptamente. A partir daí, as consequências para o organismo são tão amplas quanto nefastas. Em quantidades elevadas, o hormônio do stress afeta o equilíbrio entre o HDL, o colesterol bom, e o LDL, o ruim, eleva a pressão arterial e aumenta a coagulação sanguínea, o que eleva o risco de infartos e derrames.

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Além disso, favorece a manifestação de doenças autoimunes. Quando uma pessoa saudável contrai uma gripe, por exemplo, o sistema imune reage, aumentando a quantidade de linfócitos, nossas principais células de defesa. A partir do momento em que a infecção começa a ceder, o número dessas células se reduz, como se elas voltassem para o quartel à espera de uma nova ordem de ataque. Em um quadro depressivo, os linfócitos permanecem ativos o tempo todo, atacando órgãos e tecidos do próprio organismo – e é esse o cenário das doenças autoimunes.”

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