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PSDB não quer participar do governo Temer: erro ou oportunismo?

Partido não pode repetir, em 2016, estupidez cometida pelo PT em 1992, quando ajudou a derrubar, mas não a governar

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h56 - Publicado em 22 abr 2016, 06h19

Eu não sou exatamente um “pragmático” e confesso que tenho alguns problemas com a palavra “pragmatismo” porque costuma se entregar a uma rima pobre: “oportunismo”. Assim, prefiro os princípios.

Leio na Folha que o PSDB tende a fechar questão, em reunião da Executiva Nacional do dia 3 de maio, contra a participação de quadros do partido num possível governo de Michel Temer. Os tucanos devem, sim, dar apoio ao peemedebista no Congresso — uma pauta está sendo elaborada para entregar ao ainda vice —, mas sem ocupar cargos no primeiro escalão. A justificativa de alguns tucanos, segundo a reportagem, é que um eventual naufrágio do novo governo não pode prejudicar a legenda como alternativa de poder em 2018.

Dizer o quê? A prevalecer essa decisão, que contaria com a simpatia dos governadores Beto Richa (PR), Geraldo Alckmin (SP) e Pedro Taques (MT), só me resta observar: está tudo errado. E por um conjunto de motivos combinados.

Em primeiro lugar, observo: quem ajuda a derrubar tem de ajudar a governar, a menos que o PSDB de 2016 queira repetir o PT de 1992. Lula foi um dos líderes da deposição de Fernando Collor, mas decidiu que o seu partido não integraria o novo governo. Também os petistas estavam de olho nas eleições presidenciais, a exemplo dos tucanos agora.

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Parecia que tudo caminhava para que a Presidência caísse no colo de Lula em 1994. Quando alguém falou que FHC, ministro da Fazenda, poderia se candidatar, os petistas caíram na gargalhada, e os petralhas das redações perguntavam se ele faria campanha em francês. Foi eleito e reeleito no primeiro turno, em 1994 e 1998, respectivamente. O excesso de esperteza engoliu o PT.

E o que significa “fechar questão”? Se Temer convidar um tucano para o governo, ainda que não em nome do partido, o PSDB faria o que o PT fez com Luíza Erundina, que foi expulsa da legenda por ter aceitado o cargo de ministra da Administração de Itamar? Se, sei lá, Temer oferecer o Ministério da Saúde para José Serra, por exemplo, os tucanos dirão algo como: “Se aceitar, está fora” — embora o partido continuasse a apoiar o governo no Congresso?

Faz sentido? Não faz.

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Em segundo lugar, pergunto: então o PSDB não poderia se arriscar apoiando um governo Temer, mas o Brasil, nessa hipótese, com a ajuda dos tucanos, pode “correr o risco”? Os peessedebistas não querem arcar com o peso da aposta, mas convidam o brasileiro a fazê-lo? Não parece muito honesto intelectualmente. Não se trata de “ajudar o Temer”, mas de ajudar o país.

Uma decisão como essa parece estar mais inclinada a não criar fatos novos na fila dos pré-candidatos tucanos à Presidência do que a dar uma resposta a uma das maiores crises da história do país.

Em terceiro lugar, noto que o PSDB deveria fazer uma única exigência a Temer: o envio de uma emenda parlamentarista, com posterior referendo, já para 2018, não para 2022 — até lá, daria tempo de um presidente, qualquer que seja, bombardear a ideia. E os tucanos têm obrigação moral de apresentar essa proposta porque o PSDB é o único partido programaticamente parlamentarista.

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A crise que aí está representa também uma chance imensa de mudar a qualidade do debate. Mas, para tanto, convém pensar primeiro no país. Mesmo! E esse é um bom jeito de pensar nos interesses do partido. De resto, acreditem em mim: no dia em que não houver mais fila no PSDB para disputar a Presidência, todos ficarão mais leves e poderão emprestar aos brasileiros os seus melhores talentos.

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