PACTÓIDE 2 – A CERIMÔNIA DA HONESTIDADE POLÍTICA E INTELECTUAL MÍNIMA
No dia do lançamento do PAC, cravei aqui a palavra: “pactóide”, uma referência a “factóide”, ao fato de mentirinha, àquelas coisas que se sustentam apenas para movimentar o noticiário. A imprensa brasileira jamais deveria ter caído nessa conversa, tratando uma peça de propaganda como se fosse algo objetivo, dado da realidade. 1) Aquilo a que […]
No dia do lançamento do PAC, cravei aqui a palavra: “pactóide”, uma referência a “factóide”, ao fato de mentirinha, àquelas coisas que se sustentam apenas para movimentar o noticiário. A imprensa brasileira jamais deveria ter caído nessa conversa, tratando uma peça de propaganda como se fosse algo objetivo, dado da realidade.
1) Aquilo a que se chamou “PAC” nada mais era do que um conjunto de obras que fazem parte da rotina de governos — deste e de qualquer outro. Ou, então, governar para quê?
2) Lula e Dilma “seqüestraram” todas as obras do Brasil, do setor público e do privado: tudo passou a ser PAC. Cheguei a brincar aqui que, se você fizer um puxadinho em casa, Dilma vai tomar para ela. Um leitor fez um hidrelétrica privada; tomou emprestad ao BNDES uma parte dos recursos, a juros de mercado. Teve de apresentar “relatórios” para o comitê do PAC…
3) Em suma, o PAC 1 é uma vigarice que se revela nos números. Dos 12.163 empreendimentos listados, só 11,3% (1.378) foram concluídos. Nada menos de 54% deles nunca nem saíram do papel. Vale dizer: o verdadeiro PAC de Dilma acumula poeira nas gavetas da burocracia; é pura conversa mole.
4) Mas Dilma recorreu a um truque: retirou da contabilidade as obras de saneamento e habitação. Mesmo assim, chega-se a apenas 31% de realização.
5) ATENÇÃO PARA OUTRA PICARETAGEM – Quando é para falar de “recursos” do PAC, os empreendimentos de saneamento e habitação entram na conta; quando é para contabilizar as obras concluídas, aí eles saem.
PAC 2
Sem que o PAC 1 tenha existido, o governo fez hoje uma grande pajelança para o PAC 2. E Dilma foi a estrela, em mais um dia notável de uso da máquina pública para tentar alavancar a candidatura oficial.
E ela fez a única coisa que sabe fazer, que aprendeu com seu mestre: falou bem de Lula (como ele próprio faz, principal Deus e principal crente da religião de si mesmo) e atacou o governo anterior, quando teria vigorado no Brasil o “estado mínimo”, tese que é de uma estupidez supina.
Foi, isto sim, a solenidade da honestidade política e intelectual mínima. Desta vez, ao menos, bem que na imprensa poderia chamar acrescentar a “PAC 2″ o adjetivo “suposto”.