Minha coluna na Folha: “O chefe do galinheiro”
Leia trecho: Uma espécie de jacobinismo sem utopia –formado de preconceitos contra o capital e sem nenhuma imaginação– estava tomando conta do noticiário sobre a Operação Lava Jato. Alguém ainda acabaria sugerindo que se enforcasse o último defensor do Estado burguês com a tripa do último empreiteiro. A distorção era fruto da hegemonia cultural das […]
Leia trecho:
Uma espécie de jacobinismo sem utopia –formado de preconceitos contra o capital e sem nenhuma imaginação– estava tomando conta do noticiário sobre a Operação Lava Jato. Alguém ainda acabaria sugerindo que se enforcasse o último defensor do Estado burguês com a tripa do último empreiteiro. A distorção era fruto da hegemonia cultural das esquerdas no geral e do petismo em particular, financiada, em parte, pelos… empreiteiros! A história não é plana.
Era assim até ontem –refiro-me ao tempo físico propriamente, não ao histórico. Nesta quinta, veio à luz parte do conteúdo do depoimento de Pedro Barusco à Justiça. Ele estima que, entre 2003 e 2013, João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT, recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de propina decorrente de contratos das empreiteiras com a Petrobras.
As empreiteiras são, até aqui, as vilãs do petrolão –e não sugiro que sejam transformadas nem em vítimas nem em heroínas. A questão é saber quem dispõe do aparato legal para regular, punir e reprimir. É o Estado. E esse Estado, fica cada vez mais evidente, foi tomado de assalto.
(…)
Não se trata de saber se empreiteiros corrompem porque o PT se deixa corromper ou se o PT se deixa corromper porque empreiteiros corrompem. É besteira indagar quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. A resposta não está entre a ontologia e a zoologia. A questão que importa é saber quem mandava no galinheiro.
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