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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Marina Silva é candidata a “caudilha” do Brasil. Ou: Como não deixar o país refém de São Pedro, dos bagres, dos sapos e das pererecas?

Que preguicinha… Mas vamos lá. Marina Silva é, se me permitem a variação de gênero, candidata a “caudilha” do Brasil. Ela entrou no PV para disputar a Presidência da República. Teve 20 milhões de votos — um desempenho sem dúvida expressivo. Julgou que poderia, então, dar um golpe no partido e tomar a sua direção. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h02 - Publicado em 19 jan 2013, 04h51

Que preguicinha… Mas vamos lá. Marina Silva é, se me permitem a variação de gênero, candidata a “caudilha” do Brasil. Ela entrou no PV para disputar a Presidência da República. Teve 20 milhões de votos — um desempenho sem dúvida expressivo. Julgou que poderia, então, dar um golpe no partido e tomar a sua direção. Foi malsucedida no empreendimento e deixou a legenda. Criou-se, então, atenção!, um movimento intitulado “Nova Política”, composto de… seus seguidores! São os “marineiros”. Prestem atenção ao noticiário: a palavra já é escrita sem aspas, como um dado da realidade referencial mesmo.

Uau! Reparem: nem Luiz Inácio Apedeuta da Silva, do alto de sua monumental arrogância, ousou fundar um movimento de “lulistas” ou, sei lá, “luleiros”. As referências ao “lulismo” na pena dos analistas costumam ser críticas. Há, sim, os “petistas”, que são, na maioria, fanaticamente lulistas, mas não recorrem a essa palavra como uma senha de identificação.

O movimento se chama “Nova Política” e é composto de pessoas que se dizem “marineiros”??? E por que esse sufixo “eiro” colado ao nome da ex-senadora? Um ferreiro produz, cuida, negocia ou lida com ferro; um cozinheiro, com a cozinha; um doceiro, com os doces. Um “marineiro” faz o quê? Cuida da Marina? Lida com as ideias da Marina? Divulga o pensamento de Marina? Propaga as visões místicas de Marina? Isso a que se chama “nova política” é constituído de seguidores de uma profetisa? “Eiros” que seguem profetas são uma novidade… pré-bíblica!

Como novidade pouca é bobagem, Marina está empenhada agora em criar uma nova legenda para… se candidatar de novo. Que coisa surpreendente!

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Leio na Folha que serão os “marineiros” a definir o nome da nova legenda — ou quase isso. Pessoas previamente inscritas podem votar em uma das 40 alternativas. Os nomes mais cotados são “Semear” (Sustentabilidade, Educação, Meio ambiente, Ética e Renovação) e “Movimento Sustentabilidade e Cidadania”. Coisa de gente que quer o bem da humanidade, estou certo. Os três mais votados serão enviados à Profetisa, e ela, então decidirá.

Tudo isso é feito no mundo virtual, o que demonstra a modernidade da “caudilha”. Marina quer, em suma, mobilizar pessoas que tenham bom coração. O que nunca fica claro — mas isso não é coisa que se pergunte a alguém que está a um passo da santidade — é quem financia o “marineirismo”; quem, em suma, sustenta a sustentabilidade.

Com que proposta?
O que há de novo numa liderança política que busca ou funda partidos com o propósito de se candidatar, sem a preocupação nem mesmo de deixar claro o que pensa? Sim, Marina é uma pessoa que só quer o nosso bem, a gente sabe… Mas isso basta?

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E mesmo esse “bem” tem de ser questionado, não é? Uma das razões da crise no setor energético, por exemplo, nasce do triunfo da irracionalidade dos ecologistas sobre o bom senso. Em nome da preservação do meio ambiente, o Brasil passou a construir usinas hidrelétricas a fio d’água, sem reservatórios. Isso diminui, dizem os sábios verdes, os impactos sobre o meio ambiente. É cascata!

Sem reservatórios, a capacidade de geração de energia cai dramaticamente nos períodos de seca, o que obriga o país a ligar as poluentes e caras termelétricas. É o conservantismo burro. Os debates sobre Belo Monte demonstraram a que níveis de tolice essa gente pode descer.

Pois bem! Santa Marina Silva é a patronesse dessa turma. Eis um bom momento para ela falar. Se o Brasil passasse a crescer 5% ao ano, com o atual regime de chuvas, haveria fatalmente apagão. E aí? Marina, a mulher que sempre tem soluções complexas e erradas para problemas fáceis (é diferente de Lula, que tem soluções simples e erradas para problemas difíceis), poderia apontar o caminho. Durante a campanha eleitoral, ela dizia que faltava planejamento. Certo! Então vamos planejar com Marina. Continuaremos a fazer usinas a fio d’água e devemos evitar as termelétricas poluidoras… Para suprir a demanda de curto e médio prazo do país, o que devemos fazer? Engarrafar o vento?

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Não! Não estou acusando Marina pela crise de energia. Cobro dela uma resposta porque é ela que se apresenta como a sacerdotisa da energia alternativa. Se vai disputar de novo a Presidência da República, certamente tem uma solução que não deixe os brasileiros reféns de São Pedro — e dos bagres, sapos e pererecas que compõem a nossa identidade, ou algo assim… Se ela tiver alguma resposta, publico. Mas peço um favor: que seja possível encontrar ao menos os objetos diretos no texto.

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