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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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ELES QUEREM UM ÓRGÃO EXTERNO PARA CENSURAR A IMPRENSA; EU QUERO QUE ESTA SE LIBERTE TAMBÉM DA CENSURA INTERNA DE MILICIANOS

Alguns, como posso chamar?, desafortunados das ideias — estou me tornando um rapaz de paciência — estão tentando torrar a dita-cuja com bobagens. Dizem que estou criticando a imprensa mais do que fazem aqueles seres trevosos, que recebem boladas das estatais e de gestões petistas para exercer essa tarefa, entre outras atribuições subterrâneas. Uma ova! […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h14 - Publicado em 8 out 2013, 17h59

Alguns, como posso chamar?, desafortunados das ideias — estou me tornando um rapaz de paciência — estão tentando torrar a dita-cuja com bobagens. Dizem que estou criticando a imprensa mais do que fazem aqueles seres trevosos, que recebem boladas das estatais e de gestões petistas para exercer essa tarefa, entre outras atribuições subterrâneas. Uma ova!

Pra começo de conversa, a minha crítica não divide a “mídia”, como eles chamam, entre “boa” (a que está “com a gente” — no caso, com eles…) e a “má” (a que está “contra nós” — também no caso, “eles”. Para dar sequência à conversa, os meus textos não integram um projeto de poder nem são expressões da luta partidária. Por aqui, só para dar um exemplo, até Dilma pode ser elogiada, como já foi (quando deu um chega pra lá na Corte Interamericana de Direitos Humanos por causa de Belo Monte…). Até Marina Silva pode ser elogiada, como já foi — quando acusou a tentação chavista do petismo. Escrevo o que quero, não o que decide o Comitê Central ou o Caixa Central.

Para continuar na mesma prosa, escrevo não porque queira censurar a imprensa, como eles querem, com o tal “controle” sei lá do quê. Ao contrário: eu pretendo uma imprensa — não chamo de mídia — ainda mais livre do que ela é hoje.

Livre do patrulhamento politicamente correto.
Livre da agenda dos supostos bem-pensantes.
Livre das milícias internas que impõem um clima de doce terrorismo em nome de suas noções particulares de justiça.
Livre das polícias de pensamento que se manifestam em nome da igualdade social, racial e de gênero; que militam em favor da diversidade cultural e de comportamento; que pregam em nome de um laicismo que se transforma logo em preconceito religioso; que transformam, numa inversão moral que só existe por aqui, o aborto num dos “direitos humanos”; que anunciam que a descriminação das drogas é o novo umbral dos direitos individuais.

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Será que eu não quero debater nada disso? Ao contrário! Quero é debater tudo isso, e meu blog entra de peito aberto nessas coisas todas — parte do seu sucesso (desculpem-me os ressentidos, mas é um sucesso!) se deve justamente a isso.

O que não aceito, isto sim, é a interdição do debate. O que não aceito é que se travem os embates só entre pessoas que concordam. O que não aceito é que a crítica às cotas, por exemplo, seja considerada racismo. O que não aceito é que a igualdade de gêneros ou a tal diversidade sexual virem polícias de pensamento e de comportamento. O que não aceito é a derivação fascistoide das manifestações identitárias. E, infelizmente, boa parte da imprensa está hoje submetida a essas fúrias milicianas.

No caso dos protestos — e foi esse o motivo da minha crítica mais recente —, o meu alvo é o que chamo “reverência” ao espírito das ruas, qualquer que seja a barbaridade que de lá venha. Quem bota pra quebrar não é “manifestante”, mas vândalo, bandido, marginal. Quem leva coquetel molotov para atacar policiais e prédios públicos ou privados não está protestando, mas praticando um ato de caráter terrorista. Quem impõe a sua vontade, cerceando o direito de milhares de ir e vir, é só um autoritário que precisa ser contido pelas regras da democracia. E eu e muita gente, com efeito, estamos com o saco cheio de ver a violência programada ser chamada de “manifestação pacífica”.

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É mentira a história contada a milhões de telespectadores segundo a qual o sindicato dos professores planejou uma manifestação pacífica e que a violência foi protagonizada por vândalos que nada tinham a ver com o protesto. Os black blocs marcharam junto com os sindicalistas, na mesma formação; eram uma ala da passeata. Da mesma sorte, em São Paulo, os mascarados das ruas eram apenas os homólogos dos mascarados que invadiram a marretadas a Reitoria da USP — estes convocaram a manifestação em suposta solidariedade aos professores do Rio. Critiquei e continuarei a criticar, enquanto achar pertinente, a submissão da imprensa à vontade dos vândalos.

Não houvesse outras diferenças entre mim e os seres trevosos, financiados com capilé oficial, anda haveria esta: ELES QUEREM SUBMETER A IMPRENSA À CENSURA DE UM ÓRGÃO QUE LHE É EXTERNO; EU QUERO QUE A IMPRENSA SE LIBERTE DE MILÍCIAS QUE FAZEM A CENSURA INTERNA.

E só para arrematar: como é que essa censura interna se dá? Decisões editoriais, que obedecem a critérios técnicos, logo ganham um viés ideológico e são vazadas por milicianos por intermédio das redes sociais. Com receio do que se vai dizer por aí, há chefias de redação, hoje, que estão sendo intimidadas por esses policiais do pensamento. E o que é pior: estão cedendo à pressão. Essa censura, em muitos aspectos, é ainda pior do que a outra porque insidiosa. Ceder a esse tipo de patrulha corresponde a admitir a existência de uma órgão externo de controle da imprensa. Trata-se de uma agressão a um dos pilares da democracia. Há muita gente equivocada por aí achando que pode dar os anéis aos trogloditas para preservar os dedos. Ocorre que eles não querem os anéis. Querem os dedos — só para começo de conversa.

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Entenderam a diferença?

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