Braço-direito de Lula sugere que foi Aécio Neves quem violou sigilo de Verônica
Vocês conhecem Gilberto Carvalho, não?, aquele que tira ares de cristão fervoroso no governo Lula. Tem até ar de coroinha ou de beato velho. Mas eu lhes asseguro que a Igreja ao menos ganhou muito quando ele descobriu que sua vocação era outra. É petista de primeira hora. Foi braço-direito de Celso Daniel — lembram-se? […]
Vocês conhecem Gilberto Carvalho, não?, aquele que tira ares de cristão fervoroso no governo Lula. Tem até ar de coroinha ou de beato velho. Mas eu lhes asseguro que a Igreja ao menos ganhou muito quando ele descobriu que sua vocação era outra. É petista de primeira hora. Foi braço-direito de Celso Daniel — lembram-se? —, o prefeito assassinado de Santo André. Procurem nos arquivos o que dizem de Carvalho os irmãos da vítima. Um deles, Bruno, justamente o que era filiado ao PT, teve de deixar o Brasil junto com a mulher, que também era do partido: Marilena Nakano foi secretária de Cultura da primeira gestão de Celso e militou com ele no MEP — Movimento de Emancipação do Proletariado. Nenhum dos dois tinha, digamos, “desvios de direita”. Mas tiveram de se esconder em Paris. Saíram do Brasil com medo de morrer. Mas acabei me perdendo um tanto no passado. Não faço ilação nenhuma! Quem faz ilações neste texto é Carvalho.
A prova de que a barra pesou com a descoberta de que a filha de Serra teve o sigilo criminosamente violado é que Carvalho resolveu falar a respeito ao site Terra — muito melhor do que qualquer página oficialmente petista quando a gente quer saber o que pensam os… petistas! E qual foi a sua tese? Leiam:
“Acho que tem que ter muita prudência nessa história porque ocorreu em setembro do ano passado. As hipóteses são muito amplas. Pode ser um comércio para chantagem, e é bom lembrar que, naquela época, setembro do ano passado, havia uma guerra tucana entre os tucanos de Minas e os tucanos de São Paulo”.
Ou seja, está culpando Aécio Neves, ex-governador de Minas e candidato ao Senado. pelo PSDB. Tenta, assim, aliviar o peso das costas do PT e, quem sabe?, criar uma intrigazinha. Esta alma pia, pautada pelos mais estritos valores do cristianismo, só não conseguiria explicar por que tanto o sigilo de Eduardo Jorge como o de Verônica estavam com a turma barra-pesada dos dossiês petistas.
Mas Carvalho vai além:
“Para a campanha da Dilma, nunca interessou fabricar dossiês. Ela há muito concluiu que, do ponto de vista eleitoral, é de uma ineficácia absoluta para nós”.
Entendo. Ainda que ele falasse a verdade, confessa que, então, a possibilidade de fazer dossiês chegou a ser discutida. É que Dilma concluiu “que é de uma ineficácia absoluta”. Não que se descartem dossiês porque aéticos e ilegais, mas porque ineficazes. Já as ilegalidades eficazes…
“O episódio é uma bala de prata que pode ser uma bala perdida da guerra entre eles. Reflete desespero e uma necessidade absoluta de criar um fato político para alterar um quadro eleitoral que está se desenhando”.
Para este gigante moral, os tucanos precisam parar com essa mania de reclamar quando são vítimas de uma canalhice dessa extensão.
Os petistas, como se nota, querem fazer de conta que não se trata de uma agressão ao estado de direito e à Constituição, mas de uma mera guerrinha eleitoral. Assim como o mensalão era só Caixa Dois, e a morte de Celso Daniel, crime comum.