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A herança cultural do mensalão: filmes à mancheia com dinheiro público. Ou ainda: Tudo bem Zé de Abreu como Lewandowski no cinema; o que não pode é Lewandowski vir a se tornar o Nilo do Supremo

Pois é… O bom mesmo do mensalão vai ser a herança cultural, entendem? Como vocês viram, a cineasta Tata Amaral pode contar com dinheiro público para realizar a hagiografia cinematográfica de José Dirceu. Obteve autorização para captar R$ 1,530 milhão pela Lei Rouanet. Mônica Bergamo informa em sua coluna que Luiz Carlos Barreto, amigão de Dirceu, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h24 - Publicado em 12 set 2013, 23h39

Ele vai ser Lewandowski no cinema: verei esse filme com gosto

Pois é… O bom mesmo do mensalão vai ser a herança cultural, entendem? Como vocês viram, a cineasta Tata Amaral pode contar com dinheiro público para realizar a hagiografia cinematográfica de José Dirceu. Obteve autorização para captar R$ 1,530 milhão pela Lei Rouanet. Mônica Bergamo informa em sua coluna que Luiz Carlos Barreto, amigão de Dirceu, pretende recorrer à lei de incentivo para captar recursos para fazer um filme intitulado “Os 60 Anos que Abalaram o Brasil”, a partir de 1954.

Suponho que comece com a morte de Getúlio Vargas, talvez o único evento à altura da eventual prisão de José Dirceu, não é mesmo? Tenham paciência! Barreto quer convidar cineastas diferentes para dirigir cada uma das décadas — Tata está entre eles (cuidado ou vai se intoxicar, moça!) — e já avisou que vai tratar do mensalão. Vejam bem: se alguns cineastas brasileiros aproveitarem o mensalão para ganhar uns trocos, não vai ser novidade. Afinal, alguns deles ganharam uma grana preta durante a ditadura também, né?

Mas a coisa não para por aí. O ator petista José de Abreu diz que pretende produzir o filme “AP 470 – O Golpe Jurídico”. Uau! É, como se vê desde o título, um cinema de tese. Abreu pensa, informa a colunista, em fazer o papel de Lewandowski. Entendo. Um ator representar um personagem da vida real é do jogo. O que não pode é alguém da vida real resolver encarnar um dos papeis de um ator. Ao fim do julgamento, seria muito bom que Lewandowski não fosse visto como o Nilo do Supremo. Torço para que não. Não seria bom para a instituição.

Imaginem se, no segundo mandato de FHC, cineastas tivessem recorrido a Lei Rouanet para captar recursos e fazer um filme em defesa do Plano Real. Entre outros episódios, seriam mostradas as múltiplas tentativas do PT de sabotar o plano. O que vocês acham que aconteceria? Se o Ministério Público ainda não perdeu a vergonha, é o caso de agir desde já: resta evidente que a concessão da autorização para Tata captar recursos tem orientação ideológica e político-partidária.

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E QUE SE NOTE: QUEM FIZESSE UM FILME SOBRE O REAL ESTARIA FALANDO SOBRE ALGO QUE INEQUIVOCAMENTE FEZ BEM AO BRASIL. QUEM EXALTA JOSÉ DIRCEU ESTÁ A CANTAR AS GLÓRIAS DE ALGUÉM QUE A JUSTIÇA CONSIDERA CRIMINOSO. Ainda que o pior aconteça e que ele se livre da pena de formação de quadrilha, é bom não esquecer que ele é, também, segundo decidiu o STF, um corruptor.

Seus amigos têm o direito de achar que é um santo e um mártir. Mas não com o nosso dinheiro. Se José de Abreu usar apenas a sua própria grana, ninguém tem nada com isso. O que é escandaloso é contar com facilidades da Lei Rouanet.

Se os três filmes realmente forem feitos, dispensarei a dois deles o tratamento habitual a obras oriundas de tais lavras: ignorar solenemente. Mas a um vou assistir com gosto. Não resistirei à tentação de ver José de Abreu encarnando Lewandowski. Essa, eu não perco por nada. A homenagem é merecidíssima!

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