MP junto ao TCU representa contra Bolsonaro por participação em ato
Subprocurador diz que comportamento do presidente caracteriza crime de responsabilidade
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou, nesta terça-feira, que a Corte apure a participação de Jair Bolsonaro na manifestação do último domingo, “em plena crise de saúde pública decorrente do alastramento global do coronavírus”.
Na representação encaminhada aos ministros, o subprocurador-geral Lucas Furtado diz que a conduta do presidente contrariou a Constituição Federal, já que estimulou e participou pessoalmente de “manifestações populares em favor de seu governo e contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal”.
Além disso, o subprocurador-geral diz que o comportamento de Bolsonaro do último domingo, “tanto pela afronta ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, quanto pelo desleixo demonstrado pela saúde pública”, está de acordo com as hipóteses que caracterizam o crime de responsabilidade previsto na Constituição.
“Trata-se de comportamento inadequado e impróprio do Presidente da República. Não apenas porque Bolsonaro – sobre quem, há alguns dias, pesava a suspeita de estar, ele próprio, contaminado com o coronavírus –, tendo contato pessoal com os manifestantes, poderia se contaminar e, posteriormente, contaminar outras pessoas com o vírus, mas também porque o gesto do Presidente prestou um desserviço à luta que o Poder Público e a sociedade vêm travando contra a disseminação daquele vírus”, diz Furtado na representação.
Por isso, diz ele, a situação pede a “pronta e rigorosa atuação do Tribunal de Contas da União” para que apure a conduta do presidente nas manifestações populares ocorridas e seus reflexos na Administração Pública.