Bolsonaro faz festa enquanto caos da pandemia avança nos hospitais
Militares do Planalto tentavam convencer presidente a visitar estados mais críticos, mas nada feito
A tragédia do rompimento da barragem de Brumadinho matou 270 pessoas e mudou a vida de milhares de famílias no interior de Minas Gerais. Foi um dos episódios mais tristes da crônica dos desastres ambientais no país.
Ainda pegando o ritmo no governo, Jair Bolsonaro tratou de deixar a bolha palaciana em Brasília para sobrevoar a região e acompanhar o trabalho de seus ministros na crise. Naquele janeiro de 2019, Bolsonaro fez o que todo chefe da Nação deve fazer nos momentos de forte consternação, com 270 vidas perdidas.
Vem desse episódio o descalabro atual. A pandemia de coronavírus vem matando em escala industrial no Brasil. Com quase 6.000 brasileiros mortos pelo vírus, é como se uma barragem de Brumadinho rompesse todos os dias em todas as regiões do país.
O colete de Bolsonaro segue esquecido em algum guarda-roupas e o presidente, como o Radar mostrou há algumas semanas, continua tocando a vida como se nada estivesse acontecendo. Nesta semana coube a um oposicionista, o governador de São Paulo, João Doria, o papel de chamar o presidente à realidade.
“Saia da redoma de Brasília e venha ver as pessoas agonizando nos leitos”, disparou o governador, depois de Bolsonaro ter tentado atribuir aos governadores a responsabilidade pelas mortes na crise, agravada pelo comportamento de Bolsonaro contra o isolamento social.
Há dias os militares do Planalto, a turma que ainda tenta imprimir alguma gestão no bloco de carnaval que virou o gabinete de Bolsonaro, tenta convencer o presidente a rodar o país para mostrar que há alguém no comando da crise. O presidente se recusa a assumir suas funções e responsabilidades. Nesta sexta, pegou o avião e viajou ao Sul para participar de uma festa em Porto Alegre.
Não há registro no planeta de governante que tenha participado de festa enquanto centenas de seus governados morrem por falta de leitos hospitalares na pandemia. Bolsonaro avançou mais essa linha. “E daí?”, diria ele.