Bolsonaro ensaia discurso ‘paz e amor’ no Planalto
Presidente fez acenos ao STF, atacado por ele há uma semana, e reconheceu erro no palavreado que "às vezes custa caro pra gente"
Diante dos presidentes da Câmara e do Senado e do ministro Dias Toffoli, do STF, Jair Bolsonaro fez há pouco um discurso no estilo “paz e amor” durante evento no Palácio do Planalto. A fala ocorreu exatamente uma semana depois de o presidente fazer ameaças golpistas durante os atos de 7 de setembro.
Nesta terça, Bolsonaro fez acenos à união entre os Poderes, ressaltando a colaboração das duas Casas do Legislativo “e também, por que não dizer?, em muitos momentos”, do Supremo — que ele atacou na semana passada. A solenidade foi realizada para entrega troféus do Prêmio Marechal Rondon de Comunicações.
“O nosso governo conversa com todo mundo. Esse prêmio, esse simples troféu, é um reconhecimento a todos vocês pela colaboração com o governo e com o Brasil. O que seria do do Executivo sem o Senado, sem a Câmara… e também, por que não dizer?, em muitos momentos, sem o nosso Supremo Tribunal Federal. Nós somos um só corpo. O nosso bom entendimento, a alegria do nosso povo”, declarou o presidente.
Sem citar a carta-recuo escrita pelo ex-presidente Michel Temer e assinada por ele na última quinta-feira, Bolsonaro ensaiou até um mea culpa.
“Muitas vezes erramos, quem nunca errou, né?, no palavreado. Às vezes custa caro pra gente. Mas é melhor viver, assim como a imprensa, né? É melhor viver assim, em liberdade, do que não ter liberdade. Realmente não tem fronteira as comunicações”, comentou.
O discursou chegou ao fim com outra menção polida ao STF e ao Congresso:
“Não tem como nós não acreditarmos no futuro dessa Nação, tendo aí o Legislativo, tendo o Judiciário cada vez se entendendo mais para o bem comum de todos nós. Muito obrigado a todos e Deus abençoe o nosso Brasil”, declarou o presidente.
No meio de sua fala, Bolsonaro arrancou gargalhadas da plateia ao tecer um comentário sobre as fake news, que segundo ele “fazem parte da nossa vida”.
“Quem nunca contou uma mentirinha pra namorada? Se não contasse, a noite não ia acabar bem. Eu nunca menti pra dona Michelle…”, declarou.
Na sequência, ele afirmou que fake news “morre por si só, não vai pra frente” e que é quem mais sofre com isso.
“Se for levar em conta o que se fala do presidente nas mídias sociais, eu duvido quem apanha mais do que eu. Mas em nenhum momento recorri ao Judiciário pra tentar reparar isso. Porque eu entendo que a fake news é quase como um apelido. Se botar um apelido agora no Queiroga e ele ficar chateado, vai pegar o apelido. Cai por si só. Não precisamos de regular isso aí. Deixemos o povo à vontade”, comentou Bolsonaro.