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Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens paranaenses. Por Guilherme Voitch, de Curitiba
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Sou o candidato viável da oposição no Paraná, diz João Arruda

Candidato do MDB ao governo estadual afirma que tanto Cida Borghetti quanto Ratinho Junior representam continuidade do governo Beto Richa

Por Guilherme Voitch 30 ago 2018, 19h18

Último dos candidatos dos grandes partidos a definir sua candidatura ao governo do Paraná, o deputado federal João Arruda (MDB) busca associar seus principais concorrentes na disputa — a governadora Cida Borghetti (PP) e o deputado estadual Ratinho Junior (PSD) — ao ex-governador Beto Richa (PSDB). “Sou o único candidato da oposição com viabilidade e tempo de televisão”, afirma Arruda.

O MDB do deputado, que buscava uma aliança com o ex-senador Osmar Dias, do PDT, teve de definir um candidato próprio ao Palácio Iguaçu na última hora, depois de Dias ter refutado a aliança e, na sequência, desistido da candidatura.

João Arruda, que é sobrinho do senador Roberto Requião (MDB), afirma que Beto Richa “roubou” o Fundo de Previdência dos servidores e garante que sua principal missão, se eleito, será recapitalizá-lo. “Não vou prometer aumento de salário ou grandes obras de infraestrutura”, diz.

Leia e entrevista:

Recentemente o senhor disse que não pensava em uma candidatura ao Executivo. O que mudou? O que o fez ser candidato ao governo do estado?

Sinto-me mais preparado que os outros candidatos, incluindo os dois que são do grupo do ex-governador Beto Richa e que agora se dividem, se apresentam de maneira diferente. Um veste uma máscara de independente depois de ter governado com o Richa como secretário [o deputado Ratinho Júnior, do PSD, foi secretário de Desenvolvimento Urbano de Beto Richa]. A outra é a vice dele. Não vou falar mal dela. Teve pouca autonomia. Ratinho teve muito mais autonomia na Secretaria. Mas ambos têm essa marca. Fizeram parte de um grupo, do grupo do Beto Richa, que quebrou o Paraná. Ambos já foram deputados federais também e eu me sinto mais preparado que eles. Coloquei meu nome à disposição do partido e quero apresentar um plano de governo que eu escrevi nos últimos anos, junto com o meu partido e com o PDT, do senador Osmar Dias.

A desistência de Osmar Dias foi definitiva para a sua candidatura?

Eu sairia candidato da mesma forma. Mas teria mais dificuldades porque seriam dois candidatos de oposição. Agora, sou o único candidato da oposição com viabilidade. Tenho tempo de televisão grande, semelhante ao do candidato do Richa, que está fazendo campanha há quatro anos. Tenho viabilidade.

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A definição da sua candidatura ocorreu perto do início da campanha. Isso não atrapalha?

A população não vai votar em quem está fazendo campanha há quatro anos. A população precisa decidir se vai votar na politicagem ou se vão votar em uma candidatura nova, de oposição a esse modelo. É claro que eu tenho o desafio de me tornar candidato a governador rapidamente. Todos me conheciam como deputado federal. Então agora tenho o desafio de me tornar conhecido como candidato ao governo. E tem os debates. Quero estimular os debates. Espero que aconteçam em todos os veículos de comunicação. Quero discutir propostas em alto nível. Sem coisas baixas e sorrateiras.

Você tem falado muito na Operação Quadro Negro. Essa e outras investigações relacionadas ao governo Beto Richa estarão presentes na sua campanha?

Não preciso falar dos escândalos. A população já sabe o que aconteceu e não preciso entrar nisso e tentar relacionar com um ou outro. A Justiça que vai investigar, condenar e absolver.

Mas no primeiro debate da Band você citou a operação…

Porque isso é símbolo de uma gestão ineficiente. É má fé, sim, de alguns. Mas a gestão tem de ser mais eficiente. Por isso que estamos mudando. Eu, como relator da Lei de Licitações, estou trabalhando para mudar a maneira com que se contrata obras públicas no Brasil. A tecnologia é essencial para prestar contas. No projeto que relato na Câmara dos Deputados já inseri possibilidade de acompanhar pela internet as obras, o acompanhamento virtual por meio dos portais de transparência para todos os municípios do Brasil. O acompanhamento de uma obra, de uma escola, deve acontecer na internet.

O seu nome e o nome de outros políticos do MDB aparecem na Operação Carne Fraca. Em relação ao senhor, existe o depoimento do ex-superintendente do Ministério da Agricultura [Daniel Gonçalves Filho] que dizia ser pressionado pelo senhor para conseguir dinheiro com frigoríficos.

É uma bobagem. Mas eu quero ser investigado. Quero pessoalmente. Isso é mais importante pra mim que a eleição ou o processo político, porque me incomoda e incomoda a minha família. Esse sujeito era achacador de frigorífico, no papel de superintendente do Ministério da Agricultura. Recebi inúmeras denúncias contra esse cara e fui a única pessoa que pediu a exoneração dele para a ministra Kátia Abreu, um ano antes da operação ser deflagrada. Tenho documentos do pedido que fiz da retirada de indicação, o que é muito comum em Brasília, esse tipo de indicação. E justamente eu, a única pessoa que pediu a saída dele, ele cita em depoimento à Justiça Federal. Estranho, não? Mas eu quero ser investigado.

O senhor se vê como uma continuidade do governo do seu tio, Roberto Requião?

Uma das características do Requião que eu admiro é a independência na vida pública. Eu sou independente. Eu vou governar com autonomia. Minha candidatura terá independência. Quem define estratégia e programa do governo sou eu. Mas é claro que quero aproveitar bons programas dele e de outros governadores que foram bons. É o caso de Jaime Lerner com sua capacidade de planejamento urbano, é o caso do José Richa (pai do governador Beto Richa), que tinha boa equipe. O Requião tinha grande sensibilidade social. Quero governar com as melhores cabeças do Paraná.

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O Paraná tem periodicamente batido no limite da Lei da Responsabilidade Fiscal quanto ao percentual gasto com funcionalismo. Ao mesmo tempo, o funcionalismo do estado está há três anos sem reajuste e há uma pressão para que os candidatos se comprometam desde já com reajuste. Como resolver essa questão?

Não estou prometendo aumento pra ninguém. Não estou prometendo grande sobras. O Richa e o Ratinho lançaram a ordem de serviço da Rodovia dos Minérios (liga Curitiba a Almirante Tamandaré, na região metropolitana) quatro vezes. Não estou prometendo nada disso. Vou sentar com servidores públicos e abrir o orçamento do estado. Governar é priorizar. Eles vão me ajudar a elencar prioridades. Agora, não vou fazer nada sem voltar a capitalizar o Fundo de Previdência. É preciso de um plano de capitalização do Fundo. Hoje eu tenho o apoio de quem criou o Fundo de Previdência que é o Renato Follador. Hoje eles retiram do Fundo 140 milhões de reais por mês. Nós tínhamos mais de oito bilhões em 2014 e, depois que mudaram a lei na Assembleia, isso caiu para seis bilhões. Em alguns anos o fundo vai acabar e não vamos ter a segurança necessária para os servidores. Nós queremos capitalizar o fundo para que o Paraná não vire, nos próximos anos, um Rio de Janeiro ou um Rio Grande do Sul.

Apesar da crise, o Paraná parece estar em uma situação melhor que a maioria dos estados. O jornal Folha de S. Paulo recentemente divulgou um Ranking de Eficiência em que o Paraná aparece entre os três melhores colocados. Isso é mérito da gestão do governador Beto Richa?

A iniciativa privada tem força por si só. O agronegócio, por exemplo, tem previsão de arrecadação para os próximos anos de 100 bilhões de reais. É uma força que o Paraná tem por conta das suas características e do seu trabalho. Agora, você pode colocar dinheiro em caixa e equilibrar as contas públicas. Foi o que o Beto fez. Mas fez isso roubando dinheiro da previdência. Eu quero saber as consequências disso daqui a cinco, dez, vinte anos, porque aí não teremos equilíbrio fiscal. Teremos uma situação difícil. Mas isso não vai acontecer. Nós vamos assumir o governo e capitalizar o fundo de previdência dando segurança ao futuro dos servidores. Mas, para isso, vamos deixar de fazer coisas importantes, como investimentos em infraestrutura, hospitais, novas estruturas educacionais, como escolar. Vamos ter de puxar o freio. Mas se eu deixar esse legado, concertar o Paraná pelos próximos quatro anos e deixar um plano para os futuros governadores já me basta. Já está bom. Será um grande legado que vou deixar. Posso até não conquistar muita popularidade mas já estará ok. Vou viver bem com minha consciência.

Qual sua posição sobre Parcerias Público Privadas para grandes obras no estado?

Em primeiro lugar o que conta é o interesse público. Parcerias Público Privadas são bem vindas, desde que o interesse público fique em primeiro lugar. A PR-323 é um bom exemplo. Houve uma negociação da Odebrecht com o governo do estado. Está tudo muito claro. Foi feito um acordo antes da licitação. Tem um áudio que mostra isso, com gente falando em nome do governador. Esse tipo de PPP não queremos.

Você espera atrair um eleitorado de esquerda contrário ao governo Beto Richa mesmo tendo votado a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT)?

Vou repetir meu voto no dia do julgamento. Votei pela admissibilidade do processo de impeachment. Esse foi meu voto. Votei com outros 400 parlamentares e de acordo com a vontade de 95% da população do Brasil.

Como o senhor avalia a gestão do presidente Michel Temer?

O presidente Temer está terminando o mandato dele. No ano que vem teremos um novo presidente da República, eleito pelo voto. Não sei quem será esse presidente da República, de qual partido. Eu terei uma boa relação com quem quer que seja,

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Quem você apoia?

Meu partido tem candidato. É o Henrique Meirelles. Ele ganhou a convenção do partido. Vamos respeitar o partido e apoiar o Meirelles. Ciro é do PDT e também tem palanque forte na minha coligação.

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