Penitenciária da Lava Jato tem denúncia de tortura contra preso
MP e Depen vão investigar denúncia encaminhada pela Defensoria Pública; preso diz ter sido espancado e obrigado a tomar injeções
O Ministério Público do Paraná (MP) e a Corregedoria do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) vão investigar agentes penitenciários do Complexo Médico Penal (CMP) de Pinhais, região metropolitana de Curitiba, por uma acusação de tortura contra detentos.
O CMP é onde estão presos alguns dos principais condenados na Operação Lava Jato, como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e os ex-deputados André Vagas e Luiz Argolo. É para lá que deve em breve ir também o ex-ministro José Dirceu, preso nesta sexta-feira.
A denúncia partiu da Defensoria Pública do Paraná com base no relato de um detento custodiado na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP1) e levado ao complexo para tratar uma crise de asma. O preso afirma ter sido agredido em mais de uma oportunidade e obrigado a tomar injeções na veia.
No depoimento, o detento afirma que um funcionário o “pegou pelo pescoço” e iniciou as agressões. “Este ainda teria batido sua cabeça na parede e lhe dado dois socos; que reagiu e vieram outros quatro agentes o agredir com chutes e joelhadas enquanto ele estava no chão; que foi levado de volta à galeria, onde, algemado, sem prescrição médica, tomou várias injeções na veia, e que a partir de tais injeções passou a ter alucinações”, diz o documento elaborado pela Defensoria. Em suas conclusões, os defensores questionam a causa das alucinações em um preso sem histórico de problemas psiquiátricos e pedem acesso a exames de raio-x para verificação de eventual agressão e lesão cerebral.
Em seu depoimento à Defensoria, o detento declarou ainda que “há um local no CMP chamado ‘surda’, ‘na parte de baixo da unidade’, onde seria recorrente a prática de agressões e maus tratos, inclusive contra pacientes internados por medida de segurança.” No documento, obtido pelo blog Veja Paraná, a Defensoria afirma que já ouviu relatos de outros detentos sobre espancamentos e maus tratos constantes praticados por agentes penitenciários do Complexo Médico Penal.
Outro lado
Procurada, a Defensoria confirmou o encaminhamento da denúncia, mas afirmou que “não irá se manifestar no momento, visando preservar o bom andamento das investigações”. O Departamento Penitenciário afirmou que “um procedimento administrativo foi aberto para apurar o caso, que corre sob sigilo e encontra-se em fase inicial de instrução”.