Gleisi e Lindbergh sabem que os esquerdistas são frouxos
Caso acreditassem na valentia dos correligionários, não teriam falado as asneiras da última semana
— Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que matar.
A declaração é de Gleisi Hoffmann — ou Crazy Hoffmann, como vem sendo chamada — uma senadora da República que, se nunca teve muito senso do ridículo, acaba de dar uma inegável demonstração de irresponsabilidade parlamentar.
E irresponsabilidade é mesmo a palavra, já que o seu colega de partido, Lindbergh Farias, teve a insensatez de endossar um discurso que não serve nem como piada.
— Eu concordo com a posição da Gleisi — disse ele. — Não vamos aceitar a condenação do presidente Lula num processo como esse, sem prova alguma.
Então tá.
Mas — e se ele for condenado pelo TRF4?
Os excelsos senadores vão sair por aí “matando gente”, ou vão deixar que os militantes façam o trabalho sujo? A propósito, quem é essa gente que deve ser morta? Militantes do lado oposto, que têm todo o direito de se manifestar pela condenação de Lula?
Felizmente, o público de Gleisi e Lindbergh não é muito conhecido pela valentia. Um certo Urias Fonseca prometeu “montar guerrilhas” e “ir para o pau”, mas só nas redes sociais, já que abaixou a bola e se declarou adepto da não-violência ao depor na Polícia Federal.
O próprio Lindbergh demonstrou que conhece bem os correligionários ao reclamar que “não é hora de uma esquerda frouxa, burocratizada, acomodada”, descrição que também deve estar na cabeça de Gleisi. Certamente esperam que as bravatas não sejam levadas a sério em Porto Alegre, mas o risco é grande nesta semana.
Se alguém se ferir na quarta-feira, é correto e necessário que os dois senadores do PT sejam responsabilizados por suas palavras. O foro privilegiado é muito mais do que um esconderijo para a Lava-Jato, mas definitivamente não serve para cometer crimes de incitação à violência.