Na última terça-feira, em Brasília, ao chegar para a cerimônia de posse do novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, ex-vizinho do presidente Jair Bolsonaro e amigo de infância dos seus filhos, o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, viu o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) sentado na plateia em lugar de pouco destaque.
O general olhou para Flávio, esboçou um sorriso e deu uma piscadela cúmplice para ele. Depois foi ao seu encontro e, com uma das mãos à altura da boca para que ninguém ouvisse o que dizia, contou-lhe algo. Flávio sorriu. Dali a instantes soube-se que o ministro Dias Toffoli, presidente do Tribunal Federal, suspendera as investigações por corrupção que tanto incomodavam o senador.
Há dois meses mais ou menos, Toffoli sugeriu publicamente que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário firmassem um pacto para garantir a governabilidade do país. Bolsonaro, o chefe do clã, comemorou a ideia com entusiasmo. Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado refugaram a ideia. Mesmo assim, Toffoli começou a fazer o que lhe caberia no pacto.