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O homem mau (por Mary Zaidan)

Bolsonaro deveria ser legalmente interditado

Por Ricardo Noblat
7 mar 2021, 10h00

Jair Bolsonaro é um homem mau. Narcisista (que se acha um mito a ser admirado), psicopata (sem empatia com os outros) e “maquiavelista” (faz o diabo em nome de seus interesses), ele se enquadra com precisão no que a psicologia chama de “tríade obscura” para caracterizar uma “pessoa ruim”. Deveria ser legalmente interditado.

A personificação do homem mau veio da percepção aguda da jornalista Dora Kramer em seu artigo desta semana na revista Veja. Sob o título “Mortos não votam”, ela desenhou a perversidade que habita “um presidente sem noção do que seja governar… referido no voraz desleixo em relação ao bem estar coletivo”.

Mas a maldade de Bolsonaro é ainda mais profunda. Nunca escondeu o gosto diabólico pelo mal, não raro dito em nome de Deus. Quando deputado, aplaudia torturadores. Dizia que o erro da ditadura foi torturar e não matar – “uns 30 mil, começando por Fernando Henrique Cardoso”.

Para ele não basta encastelar o governo ao seu mando absoluto, com generais da reserva e da ativa em permanente continência. É preciso estabelecer o império do mal, onde têm voz mais altiva os que demonstram maior capacidade de destruição. Nele, sobressai gente como Ernesto Araújo, que, cheio de orgulho de o Brasil ter se tornado um pária, acaba de assegurar ao mundo que o país não tem problemas com a Covid-19, o sistema de atendimento à Saúde vai bem e o ritmo de vacinação melhor ainda.

Jair Bolsonaro é um homem mau. Só o gosto pela maldade pode fazer um líder incentivar o descumprimento de regras simples de uso de máscaras e distanciamento quando a pandemia recrudesce e pessoas morrem como moscas. Tem de ter crueldade de sobra para pregar o uso de medicamentos sabidamente ineficazes ou desdenhar das vacinas. E excesso de ruindade para tratar como “mimimi” uma praga que na média das duas últimas semanas matou um brasileiro por minuto.

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Um homem mau que se superou na crueza ao colocar Eduardo Pazuello na Saúde. Sabia que o indicado era impróprio para a tarefa, que, confessadamente, nem mesmo tinha noção do que era o SUS. Fixou ali o intendente da cloroquina, que desconhece a linha do Equador e confunde os estados do Amazonas e do Amapá na hora de enviar lotes de vacina.

Bolsonaro é mau. A maldade orienta as suas ações, seu desgoverno, sua cruzada de desconstrução. Em todas as áreas.

Na sexta-feira, uma publicação no Diário Oficial cortou o acesso a recursos da lei de incentivo para produções culturais em regiões com lockdown ou limitação de circulação das pessoas. Retaliação às medidas sanitárias urgentes definidas por estados e municípios. Mais do que governadores e prefeitos, puniu artistas e cidadãos – os que pagam os impostos que ele deveria gerenciar -, dificultando a produção de espetáculos, incluindo os online. Maldade pura, com requintes de crueldade.

Mesmo antes da pandemia, o país sabia e preferiu não ver que Bolsonaro era um homem mau. Agora, 260 mil mortos depois, os insultos cotidianos do presidente somados à absoluta inépcia de seu governo começam a transpor a indignação. Para além das notas de repúdio, governadores e prefeitos vão às compras de vacinas, políticos substituem o governo central na negociação com laboratórios, a sociedade civil reforça pedidos de impeachment.

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Às dezenas de pedidos de impeachment já protocolados na Câmara dos Deputados, entre eles um de médicos renomados, junta-se o primeiro requerimento de interdição, feito pelo PDT ao Supremo Tribunal Federal, apontando a espiral de insanidade do presidente.

Há motivos de sobra. Pelo comportamento “cruel, degradante ou agressivo”, por “gostar de causar sofrimento aos outros”, a persona Bolsonaro se encaixa na “tétrade obscura”, na qual, segundo especialistas, o sadismo se soma ao trio já identificado nas “pessoas ruins”.

Não tem saída. É preciso interditar o homem mau.

 

Mary Zaidan é jornalista 

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