Para efeitos de propaganda política, não poderia ter sido melhor para o PT a decisão tomada por dois dos 18 integrantes do Comitê de Direitos Humanos da ONU de pedir ao governo brasileiro que garanta todos os direitos de Lula para que ele dispute as eleições mesmo preso.
Mas para aprofundar o racha do partido em torno de Lula até o fim ou de Fernando Haddad já, não poderia ter sido pior. A decisão do Comitê deu gás novo à parcela do PT que sabota por ora a candidatura de Haddad a pretexto de defender a de Lula.
Uma parcela dessa parcela, liderada por insensatos do tipo Gleisi Hoffmann e Lindberg Farias, gostaria até de ir mais longe. Uma vez que a Justiça barrasse de vez a candidatura Lula, o PT deveria pregar pura e simplesmente o boicote às eleições.
Seria a chamada “Solução Final” para um sistema político que apodreceu e que ficou sem saída. Quanto maior fosse a abstenção e o número de votos nulos, mais rápido poderia instalar-se o caos. Dele emergiria um mundo novo, mais justo e – quem sabe? – mais receptivo à volta do PT ao poder.
Acha graça? Acha que exagero?
O governo disse não ao pedido dos dois relatores do caso Lula no Comitê da ONU. Dizer sim seria mandar para o brejo a soberania do país – e, dentro dele, das leis e dos juízes que condenaram Lula a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Lula lá é uma fraude, por impossível. Haddad já é o único caminho do PT para, com muita sorte, disputar o segundo turno da próxima eleição.