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Estilo bélico de risco

Não é bom para o agronegócio

Por João Bosco Rabello
Atualizado em 30 jul 2020, 19h29 - Publicado em 24 ago 2019, 08h00

As dezenas de frentes de conflito abertas pelo presidente Jair Bolsonaro, abstraída a análise de mérito, têm como consequências imediatas o aumento do protagonismo do Poder Legislativo e a fragmentação de ações de governo constantes da pauta determinante para a vitória eleitoral de 2018.

O governo está centralizado na figura do presidente da República, que cuida pessoalmente da pauta mais simplória até a mais complexa – dos radares de trânsito ao enfrentamento da burocracia de Estado. Por último, do confronto em torno da questão ambiental, a que a Europa tenta dar dimensão de crise mundial.

O presidente da República assume pessoalmente as consequências políticas de uma estratégia de risco, em que o principal foco – a economia – demora a reagir às medidas de estímulo.

A dispersão de energia possivelmente responde pela demora na adoção de medidas paliativas na economia, condicionadas à aprovação de mudanças estruturais importantes, mas de efeito no longo prazo. A rigor, a sucessão de embates que protagoniza transformou o presidente no catalisador das incertezas conjunturais em que navega a política econômica.

Há resultados positivos. A produção industrial registrou forte alta na passagem de junho para julho, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O uso da capacidade instalada chegou a 68%, repetindo o nível de 2018, o que trouxe otimismo de mais contratações.

Nesse contexto de muita poluição política, a área econômica conseguiu, até aqui, tocar a pauta do resgate da economia. Mesmo não imune às consequências das políticas de confronto do governo, conseguiu apresentar uma proposta de privatização e somar na união de esforços pela tramitação da reforma tributária.

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O discurso exarcebado, porém, não costuma ser boa política e nem render dividendos aos governos. No conflito ambiental, mais uma vez a racionalidade partiu do Legislativo, na figura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao propor objetivamente o direcionamento de R$ 2,5 bilhões do Fundo da Petrobrás para o combate às queimadas e como reforço aos orçamentos do meio-ambiente e educação.

Maia deu uma resposta política às críticas internacionais. Mesmo episódica, é suficiente para remeter a um tempo mais oportuno a discussão aprofundada da questão ambiental, sob o prisma geopolítico.

O governo aumentou o protagonismo do Legislativo, onde sua base de apoio, embora numerosa, é frágil. Um diagnóstico que tende a se agravar com a perspectiva de fusões partidárias determinadas pelas eleições do próximo ano, que já ocorrerão sem coligações e sob a regra da cláusula de desempenho.

A determinação de enfrentar a burocracia de Estado de forma errática, igualmente gera atritos internos de alta combustão. Destaca-se nesse cenário o enfraquecimento político imposto ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, agora acossado pela determinação pessoal de Bolsonaro em mudar a direção da Polícia Federal.

As declarações e ações do presidente da República também ressuscitam conflitos internos, alguns razoavelmente administrados, como as relações do agronegócio e ambientalistas, que registraram avanços e permitiram a consolidação do setor produtivo como fator estável fundamental na composição do PIB nacional.

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Não é bom para o agronegócio brasileiro o estilo bélico do governo na abordagem do meio-ambiente como fator manipulador do protecionismo europeu. Esse aspecto da questão existe, mas seu enfrentamento exige sofisticação política apoiada em ações efetivas de preservação ambiental, sob o risco de favorecer os concorrentes comerciais do Brasil. É o que sinaliza ao governo o segmento do agronegócio.

A França tem seus interesses no discurso de contestação à gestão brasileira na Amazônia – e eles não surgiram agora. Apenas recrudescem, não por acaso, após o acordo entre Mercosul e a União Europeia, que a França pode acabar implodindo antes mesmo do início de sua costura mais ampla, por si só já extremamente complexa.

É pouco provável que a proposta do presidente francês Emmanoel Macron, de discutir as queimadas na Amazônia como uma crise internacional, tenha apoio dos Estados Unidos no G-7. Mesmo assim, a combustão das queimadas levou o Brasil à pauta dos mais ricos de forma negativa e aumentou o risco estratégico e político.

João Bosco Rabello é jornalista do site Capital Político (capitalpolitico.com)

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