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Por Coluna
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Chacoalhando o bambual

É compreensível que a nação tenha decidido pela renovação, ainda que diante de cardápio magro de boas opções.

Por Elton Simões
Atualizado em 30 jul 2020, 20h15 - Publicado em 15 out 2018, 13h00

Em janeiro próximo, muito provavelmente algum colunista importante vai escrever artigo já avisando no título que 2018 é ano que não acabou. É triste e previsível. Para analistas tropicais, o ano nunca acaba. Sempre fica em aberto.

Talvez seja porque o Brasil nunca conseguiu mesmo ser uma nação completa. Jamais chegou a ser obra acabada ou pelo menos bem definida que nos desse alguma estabilidade sobre o que somos, onde estamos e (principalmente) para onde vamos.

Provavelmente, esta maneira de ser contribua decisivamente para a nossa perpetua miopia. Miopia que, combinada com a crônica falta de memoria que nos assola desde sempre, vira matéria explosiva.

A gente fala, debate, xinga, se irrita. Perde amigos, deixa de falar com parentes, dedica horas nas mídias sociais para, no fim, abraçar gostosamente soluções simplistas e que já sabemos, não funcionarão.

Consumimos anos com dúvidas que não deveriam existir alimentando crises desnecessárias através da aceitação de valores e condutas inaceitáveis. Até o ponto em que as escolhas razoáveis desaparecem e sobram somente opções (ou melhor, alternativas) ruins.

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Faz tempo que não perseguimos melhorias. Basta piorar menos e a gente acha suficiente. Nossos sonhos se tornaram pequenos, mesquinhos, limitados, estreitos mesmo. E o horizonte sempre fechado.

Dizem que nunca se mente tanto como antes da guerra, depois de pescaria e durante eleições. Como pescar não é para qualquer um, e a gente nunca foi mesmo muito de guerra, a gente foi economizando mentiras para gatar durante a eleição. E haja mentira. Ou para parecer moderno, “fake news”.

Engana-se quem acha que a população não percebe tanta mentira. O brasileiro já desenvolveu vacina contra isso. Acreditamos em mais nada. Sabemos que verdade é algo que não escorrerá da boca de nossos políticos. Por boa razão e excelente medida, viramos cínicos.

É compreensível que a nação tenha decidido pela renovação, ainda que diante de cardápio magro de boas opções. Chacoalharam o bambual para espantar macaco velho. Agora é tolerar o final do campeonato de arremesso de lama que a gente insiste em chamar de campanha política. Não dá mesmo mais para aturar as mesmas caras.

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Agora, cabe ao cidadão e contribuinte trancar a bolsa da viúva para que os macacos novos não se revelem velhacos. Exercitar cidadania é não ficar apalermado nos anos que separam eleições.

Com sorte, dessa vez a gente aprende a fritar o peixe olhando o gato. Sonhando alto, talvez até aprofundar a renovação e vitaminar as instituições. Democracia é assim. Dá trabalho.

No fundo, a qualidade do político não importa muito. O que vale é a disposição do cidadão em controlar o governante. Mas isso nunca tivemos. E como faz falta.

 

Elton Simões mora no Canadá. É President and Chair of the Board do ADR Institute of BC; e Board Director no ADR Institute of Canada. É árbitro, mediador e diretor não-executivo, formado em direito e administração de empresas, com MBA no INSEAD e Mestrado em Resolução de Conflitos na University of Victoria. E-mail: esimoes@uvic.ca .

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