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As aparências não enganam (Por João Bosco Rabello)

Bolsonaro agarrou-se a Trump, hostilizou Europa e China

Por João Bosco Rabello
Atualizado em 23 nov 2020, 10h32 - Publicado em 21 nov 2020, 11h00

Na política, ao contrário da antiga máxima, as aparências dificilmente enganam. Nesse campo, as coisas são o que parecem e quando uma exceção se apresenta, surgem as versões que importam mais que os fatos. No Brasil, mostra a história, o que parece costuma ser.

Por isso, comportamentos, palavras e atos são essenciais aos governantes que efetivamente se importem com a interpretação de suas gestões – como são vistas e assimiladas e, principalmente, se os seus efeitos políticos ajudam ou atrapalham seus projetos.

O governo de Jair Bolsonaro sugere estar sem rumo e o presidente parece pouco interessado em reavaliar atitudes e métodos com os quais agrava essa percepção, não só no plano doméstico como no externo.

Pior, parece isolado dentro da própria casa, como demonstram os choques com ministros, caso de Eduardo Pazuello, da Saúde, transformado em corretor de si próprio, porque manda quem pode e obedece quem tem juízo. Até mesmo o presidente anda dizendo, aqui e ali, que não disse o que disse.

Desautorizar ministros é ruim por passar a imagem de caos. Mas, difícil mesmo é desmentir gravação como agora tenta o presidente ao dizer que não acusou países mas, sim, empresas, pela compra de madeira ilegal do Brasil.

Nas últimas declarações de Bolsonaro percebe-se um terceiro fator que difere dos anteriores. O provocador da primeira fase, que deu lugar a um personagem de script sóbrio, mais institucional, durou pouco: agora o que se apresenta é um presidente irritado a dar sinais de que sente o peso do cargo. “Isso aqui é uma desgraça, não tenho paz”, disse recentemente.

O repertório de factoides desapareceu na correnteza que devastou a economia, mudou a bússola política e também a blindagem mal construída para conter as investigações sobre o filho, o senador Flávio Bolsonaro (RJ), razão principal do abraço no centrão.

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Nessa toada, o governo confirmará a previsão de um 2021 – o terceiro ano do mandato de Bolsonaro – refém do centrão cujo preço político ficou maior depois dos resultados parciais das eleições municipais.

Não há carta na manga – o prazo em que esse tipo de dúvida se sustenta já passou. Às vésperas de dezembro não há orçamento e o governo patina em um chão de ideias tão fugazes quanto a fase em que Bolsonaro se esforçou por sugerir apreço pela liturgia do cargo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, consolida a cada dia junto ao Congresso a imagem de animador de auditório. Nessa quinta-feira (19) pôs-se a fazer uma análise da eleição municipal e a repetir suas projeções para daqui a uma década.

O problema é que a perspectiva para 2021, com o vazio de realizações até aqui, revoga a tese de reeleição garantida em 2022. O que o presidente tem pela frente é necessariamente desgastante, a menos que opte por soluções que coloquem em risco seu mandato.

É possivelmente essa constatação que assalta o espírito do presidente da República cujas declarações mais recentes devem merecer atenção. Não as do estilo de sempre, mas aquelas que fogem ao padrão e que misturam irritação e desabafo com os ônus do cargo.

O apoio do centrão não é uma mão dupla. É mão única e de provável vida curta pois o governo, se quiser sobreviver, terá que ir na contramão da linha que prioriza a reeleição. Serão precisas medidas duras para as quais a política costuma torcer o nariz.

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O vice-presidente Hamilton Mourão já adotou um padrão para corrigir o presidente da República. Não o desmente, mas o traduz de forma a dizer o contrário do que disse – ou de como foi interpretado. O faz, porque pode, é indemissível.

No plano externo uma boa medida do isolamento de Bolsonaro é sua escassa agenda de viagens internacionais. Ao final do segundo ano de mandato é, seguramente, o chefe de governo que menos foi ao exterior.

Agarrou-se a Donald Trump, hostilizou Europa e China – e, a julgar pela sua participação na recente reunião do Brics, assim pretende continuar.

Como a realidade costuma se impor é possível que gradualmente a fala presidencial não corresponda a posições e atos do governo. Nesse contexto, a personalidade de Bolsonaro não permite projetá-lo como uma “rainha da Inglaterra”, o que poderá gerar novos problemas institucionais.

João Bosco Rabello escreve no Capital Político – https://capitalpolitico.com/

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