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Por Vilma Gryzinski
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Pax Trumpiana: estratégia do pedaço por pedaço funcionará?

Aposta de reunir o campo anti-Irã, fazer a ponte com Israel e jogar no meio um futuro acordo sobre a Palestina é uma tentativa nova para um velho problema

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 16 set 2020, 08h11 - Publicado em 16 set 2020, 07h29

Quem quiser se divertir um pouco com a agonia dos antitrumpistas só precisa mencionar um Nobel da Paz para o tão odiado presidente.

Como o prêmio anda algo desvalorizado e a hipótese de que contemple Donald Trump é abaixo de zero, encostemos este assunto.Mesmo se Trump fosse gentil,  amável e bem falante  – o que não o tornaria Trump -, o prêmio seria precipitado.

No tabuleiro de xadrez montado por Jared Kushner, o genro esperto do presidente, as jogadas ainda estão começando. Publicamente, o primeiro passo foi  o estabelecimento de relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos. Depois, outro petroprincipado, Bahrain, entrou na dança. O próximo talvez seja Omã.

Tudo, obviamente, com o beneplácito não declarado da Arábia Saudita – nenhum desses minipaíses tem cacife para operar sozinho num jogo tão ambicioso.

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A estratégia de avançar pela “porta dos fundos” – a “porta inteligente”, preferiu Trump -, atraindo os países árabes que se preocupam acima de tudo com o expansionismo do Irã e, por vias tortas, apoiam uma solução alternativa para a questão palestina, dando a Israel como recompensa antecipada o precioso reconhecimento diplomático, é, por todos os  conhecidos motivos históricos, arriscada.

O risco maior da estratégia de avançar pedacinho por pedacinho, o popular comer pelas bordas, talvez seja o de dar certo.

Vendo-se crescentemente isolados, e tentados pelas propostas de desenvolvimento econômico bancado pelos “traidores” que hoje se aproximam de Israel, líderes palestinos da nova geração poderiam, pelo menos, entrar na negociação.

Obviamente, estes líderes seriam os do domínio da Autoridade Palestina – os radicais de Gaza, do Hamas, jamais cogitariam de qualquer alternativa que não seja varrer Israel do mapa.

Ou talvez não seja exatamente assim? Talvez uma abertura acabe provocando um efeito dominó? Ser ousado na hora certa é uma característica dos bons negociadores.

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Se alguém não entendeu as grandes linhas do jogo, o secretário de Estado, Mike Pompeo, desenhou. “Está tudo conectado”, disse.

“Começou por reconhecer que o principal agente de instabilidade é a República Islâmica do Irã”.

“Esta decisão central passou a guiar todos os elementos de nossa política para o Oriente Médio”.

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“Reduzir nossa presença no Afeganistão, trazer nossos jovens para casa. Reduzir nossa presença no Iraque e na Síria, apertar as sanções e a pressão sobre a República Islâmica do Irã, e então desenhar nossa estratégia para uma paz no Oriente Médio com múltiplas peças”.

 

Sem nenhuma surpresa, os países que agora estão aderindo ao reconhecimento de Israel temem, acima de tudo, o potencial explosivo das intervenções do regime dos aiatolás, suficientemente comprovado na Síria.

A sobrevivência do regime de Bashar Assad, com a ajuda vital do Irã, demonstrou que a hora de realinhar alianças foi ontem.

Todos são, obviamente, monarquias com diferentes graus de absolutismo – exatamente o tipo de regime que pode estar dançando na beira do vulcão se o Irã fomentar as minorias xiitas. Ou, no caso de Bahrain, a maioria.

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O mais curioso é que as duas democracias envolvidas, os Estados Unidos e Israel, são as que estão passando por momentos vulcânicos, com Trump sob risco de perder a reeleição, em meio a protestos violentos, e Benjamin Netanyahu julgado por corrupção, enfrentando manifestações diárias e uma disparada dos casos de coronavírus.

Entre tantos outros perigos, inclusive o de assassinatos políticos, o plano de Jared Kushner, endossado pelo presidente, assume o risco de apostar que os benefícios econômicos constituem um elemento suficientemente pesado para contrabalançar a história, a eterna opção pelo conflito e a aposta no quanto pior, melhor.

O Oriente Médio não é uma região que dê margem a expectativas otimistas.

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Mesmo se o plano Trump/Kushner venha a avançar para as próximas etapas, ainda demoraria para chegar a um estado palestino aceitável, com dignidade e reconhecimento para seus habitantes, e em paz, ainda que nunca deixe de ser tensa, com Israel. Mas aí, sim, aquele prêmio seria merecido.

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