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Por Vilma Gryzinski
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O canalha: líder esquerdista inglês cortejava o terrorismo

Jeremy Corbyn é um antissemita que mal tenta disfarçar e até coroa de flores colocou no túmulo de terroristas palestinos; pode ser primeiro-ministro?

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 20h22 - Publicado em 13 ago 2018, 08h42

Dois dos principais políticos britânicos, ambos com potencial para vir a chefiar o governo, protagonizam atualmente casos reveladores.

Boris Johnson, que renunciou como ministro das Relações Exteriores para preparar o caminho como eventual substituto de Theresa May, está sendo investigado por seu próprio Partido Conservador.

Motivo: escreveu um artigo contra, repetindo, contra a proibição do uso da burka na Dinamarca.

Espertamente, disse que o pano que cobre todo o rosto de muçulmanas fundamentalistas é ridículo e nem tem fundamento como mandamento religioso, fazendo com que suas usuárias pareçam “caixas de correio” ou “assaltantes de banco”.

Para sua alegria, o mundo caiu. Boris, um raro político inglês chamado universalmente pelo primeiro nome, está faturando com a revolta do público conservador à reação severa do presidente do partido, endossada pela primeira-ministra.

Como Theresa May entrou naquela fase de políticos desafortunados que tudo que fazem dá errado, uma declaração crítica da primeira-ministra rende popularidade a qualquer um.

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Compare-se, no entanto, a dureza de seu partido com a infinita condescendência com que oposição trata seu líder, Jeremy Corbyn.

CHÁ COM TERRORISTAS

Deputado pelo Partido Trabalhista há 35 anos, Corbyn sempre foi da minoria ultraesquerdista do tipo que usa boina e camiseta vermelha – com Che Guevara e, nos últimos anos, ele próprio, com aquela cara de quem está prestes a tomar o Palácio de Inverno.

Os trabalhistas, com origem nas classes menos privilegiadas num reino de tantos antigos privilégios como a Grã-Bretanha, passaram por várias mudanças ideológicas, algumas temporariamente bem sucedidas como na época da Terceira Via de Tony Blair.

Corbyn continuou exatamente onde sempre esteve, como se o comunismo soviético não tivesse acabado e a mistura bizarra de trotskismo e stalinismo que caracteriza sua turma continuasse a ser uma opção.

Manteve a mesma fidelidade ideológica que fazia sentido a um jovem comunista nos anos 70. Apoiou, por exemplo, ao Exército Republicano Irlandês (IRA), o movimento armado originalmente católico e cooptado pela esquerda por ser considerado um aliado na luta contra o capitalismo.

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Convidou para um chá no Parlamento, entre outros, o líder do IRA, Gerry Adams. Chegou a ser preso num protesto em frente ao tribunal onde era julgado o responsável pelo atentado que quase matou Margaret Thatcher, em 1984.

Também frequentaram seu chá dos terroristas representantes do Hamas. E nunca escondeu, ao contrário, sempre exibiu orgulhosamente seus contatos íntimos com outros terroristas palestinos.

Em 2014 – apenas há quatro anos -, levou uma coroa de flores diante dos túmulos de quatro militantes do Setembro Negro que participaram do atentado de Munique: o sequestro e assassinato de onze atletas e treinadores israelenses que participavam da Olimpíada na Alemanha em 1972.

O serviço secreto de Israel identificou, caçou e matou os envolvidos, venerados como mártires e enterrados na Tunísia – na época, a OLP ainda não havia retornado ao territórios parcialmente devolvidos pelos israelenses.

Corbyn escreveu orgulhosamente sobre esta visita, mas o assunto voltou à tona agora por dois motivos.

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Primeiro, a enxurrada de declarações e atividades antissemitas desenterradas no passado nada distante de Corbyn.

Segundo, fotos tiradas no cemitério da Tunísia visitado por ele em 2014 e publicadas agora, mostrando que ele estava diretamente na frente dos túmulos dos terroristas. Aparece até fazendo preces muçulmanas em homenagem aos assassinos.

Entre outros atos de barbárie, o halterofilista Yossef Romano, que tentou fugir e chegou a tomar o AK-47 de um dos sequestradores, foi castrado na frente dos outros reféns.

Seu corpo ensanguentado foi deixado a noite toda no mesmo alojamento dos colegas. Os outros atletas foram mortos na fracassada intervenção alemã para resgatá-los. A partir daí, as autoridades alemãs colaboraram ao ponto do absurdo com os terroristas.

DOMINÓ DO BREXIT

Tudo que Corbyn faz em apoio aos atos mais extremos contra Israel está exatamente de acordo com o público de esquerda entre o qual sempre circulou.

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Como vivia mais nas franjas, o que dizia tinha menos destaque – incluindo múltiplas entrevistas à televisão estatal iraniana.

Atenção: não eram entrevistas quaisquer. Corbyn era pago pelas participações. Entre 2009 e 2012, deu cinco entrevistas e recebeu 20 mil libras (mais de cem mil reais).

Entre outras coisas, disse que a BBC, tão furiosamente contra Israel entre todas coberturas, era “deturpada” pela tendência a favor da existência de Israel. Pois é, não contestar o direito de Israel a existir é considerado uma deturpação.

No começo do ano, um ex-agente do serviço de espionagem da antiga Checoslováquia disse que Jeremy Corbyn foi recrutado como informante nos anos 80.

Segundo Jan Sarkocy, que depois foi expulso do Reino Unido por espionar sob cobertura diplomática, o deputado trabalhista colaborava com informações tanto por convicção ideológica, sabendo que a agência checa era um braço da espionagem soviética, quanto contra pagamento.

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Sarkocy foi um dos muitos convidados por Corbyn a visitar o Parlamento para “uma xícara de chá”.

Dá para acreditar que um elemento com esta ficha seja um candidato viável a se tornar primeiro-ministro do reino cuja eliminação sempre foi um dos pilares de sua plataforma ideológica?

O Partido Trabalhista fez uma falsa “investigação” sobre numerosas e flagrantes manifestações de antissemitismo em seu meio. Corbyn apresentou um enviesado e igualmente falso pedido de desculpas, do tipo que põe a culpa nos que se sentiram ofendidos.

Uma parte da instabilidade política atual na Grã-Bretanha é consequência do racha que aconteceu depois da surpreendente votação pela saída da União Europeia.

Theresa May só se tornou primeira-ministra pelo dominó que o Brexit precipitou. Prometeu, e não cumpriu, seguir a vontade da maioria.

Seu fracasso pavimentou um caminho que parecia impossível , tanto para Boris Johnson, sempre considerado exótico demais, quanto para Jeremy Corbyn, com a ficha acima resumida.

O chá no número 10 de Downing Street vai ficando cada vez arriscado.

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